O monólogo "Jogging", da atriz e encenadora libanesa Hanane Hajj Ali, é a escolha do público do Festival de Almada, entre a programação deste ano, para Espectáculo de Honra da edição de 2024, anunciou hoje a direção do certame.
"Jogging" é assim a primeira peça de teatro confirmada para a próxima edição do festival organizado pela Companhia de Teatro de Almada (CTA), esperada para julho do próximo ano.
A peça, uma criação da atriz e encenadora que a apresenta a solo em palco, parte do mito de Medeia para abordar a vida de quatro mulheres na Beirute atual: a própria atriz, em primeira pessoa, Medeia, como sombra que se espalha sobre um país em conflito, e duas outras mulheres libanesas, vítimas do quotidiano marcado pela guerra, em diferentes perspetivas.
Para a organização do Festival de Almada, esta é "uma performance humorística, reveladora e finalmente sombria."
Hanane Hajj Ali, "atriz, ativista e pedagoga", soma mais de quatro décadas de carreira "ao longo das quais se afirmou como uma voz livre, que pugna pela liberdade de expressão e pela democracia no seu país", lê-se na apresentação do espetáculo e da atriz que ocuparam o palco da Incrível Almadense, nos dias 07 a 09 de julho.
A peça "Jogging", uma das revelações do Festival de Avignon em 2022, foi distinguida com o prémio de interpretação no Festival de Edimburgo e com o prémio Gilder Coigney da Liga das Mulheres Profissionais de Teatro (League of Professional Theatre Women).
O Festival de Almada, que teve início no passado dia 04, encerrou na terça-feira à noite com o espetáculo "Une cérémonie" ("Uma cerimónia"), conceção da companhia belga Raoul Collectif, uma obra "espelho do Mundo", que se "reinventa através da tralha, literal e metafórica," que todos os intérpretes põem em cena.
Nesta sessão foram anunciados os vencedores do Prémio Internacional de Jornalismo Carlos Porto, criado em homenagem ao crítico de teatro.
O Grande Prémio Carlos Porto foi atribuído à jornalista Mariana Duarte, do jornal Público, o prémio de imprensa generalista foi para João Carneiro, do semanário Expresso, e o prémio de imprensa especializada para o crítico de arte e curador Ruy Filho, cofundador da Antro Positivo, revista digital sobre artes cénicas e pensamento contemporâneo.
O festival abriu no passado dia 04 com a peça "Valha-nos Aristófanes", pelos catalães Els Joglars, e contou com 20 espetáculos, oito nacionais e doze estrangeiros, que se repartiram por dezenas de sessões, entre os quais novas produções dos encenadores Peter Stein (“O aniversário”, de Harold Pinter) e Declan Donnellan (“A vida é sonho”, de Calderón de la Barca).
A programação acolheu duas estreias portuguesas: “Calvário”, da CTA, com texto e encenação de Rodrigo Francisco, e “Ventos do apocalipse”, de Noé João, versão para palco do romance homónimo da escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio Camões 2021, pelo Teatro Griot, em coprodução com os Artistas Unidos.
A companhia Schaubühne de Berlim, com o encenador suíço Milo Rau, a estreia portuguesa da Batsheva Dance Company de Israel, o coletivo francês Galactik Ensemble, e os portugueses Teatro Nacional São João, Teatro do Vestido e Formiga Atómica foram outros participantes nesta edição do Festival de Almada, que também homenageaou o encenador e fundador do Teatro da Comuna, João Mota.
“Eu sou a minha própria mulher”, de Doug Wrigth, com encenação de Carlos Avilez, pelo Teatro Experimental de Cascais, foi o Espectáculo de Honra deste ano, escolhido pelo público na edição do ano passado.
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