O anúncio foi feito através das redes sociais num vídeo partilhado na sua conta oficial do Twitter. Na declaração, Joe Biden esclarece que avança com a candidatura porque acredita que os "valores" que estão na origem na fundação dos Estados Unidos estão em risco e relembrou a resposta muito crítica do presidente Donald Trump às violentas manifestações nacionalistas de Charlottesville em 2017.
"Acredito que a história vai relembrar os quatro anos deste presidente e tudo aquilo que ele abraça como um momento aberrante do nosso tempo", revela Biden. "Mas se dermos a Donald Trump oito anos na Casa Branca, ele vai mudar para sempre o caráter desta nação e eu não posso esperar e ver isso a acontecer", disse.
Biden é tido como o mais experiente dos muitos candidatos democratas. Era esperado que tivesse avançado já durante as presidenciais de 2016, mas descartou essa possibilidade após a morte do filho de 46 anos, Beau Biden.
A decisão de hoje marca a sua terceira campanha presidencial — depois das duas tentativas em que não conseguiu a indicação democrata em 1988 e 2008 — e põe fim a meses de especulação sobre o seu intento em se candidatar à Casa Branca, de acordo com o The Guardian.
Biden junta-se assim a um leque de candidatos que inclui atualmente quatro senadores: Elizabeth Warren, do estado de Massachusetts; Kamala Harris, da Califórnia, Kirsten Gillibrand, de Nova Iorque; Cory Booker, de Nova Jérsia, assim como o representante do Havai, Tulsi Gabbard.
Feitas as contas são agora pelo menos 20 os candidatos às primárias democratas, das quais sairá o candidato do partido que defrontará Donald Trump nas presidenciais do próximo ano, sendo que vários outros nomes menos mediáticos poderão ainda juntar-se à corrida.
Se conseguir a eleição para representar os democratas e for posteriormente eleito, Biden tornar-se-á a pessoa mais velha a consegui-lo na história dos Estados Unidos.
Biden, de 76 anos e antigo vice-presidente de Barack Obama, tem uma longa carreira política e surge desde logo entre os favoritos, ao lado do senador Bernie Sanders, que tem liderado várias sondagens e já demonstrou ser um forte angariador de fundos.
Entre os democratas, Biden tem uma experiência internacional e legislativa ímpar e está entre as caras mais conhecidas da política norte americana. Existem, contudo, algumas reservas quanto à sua capacidade para captar verbas para a campanha e à sua tendência para cometer ‘gaffes’.
A sua abordagem centrista num partido que tem movido à esquerda nas principais questões políticas levanta também dúvidas quanto à sua capacidade de mobilização.
Joe Biden pretende assumir-se como um canal de comunicação entre os votantes brancos da classe trabalhadora e os votantes mais jovens e heterogéneos que estiveram na base dos resultados históricos de Barack Obama.
Entretanto, o Partido Republicano já veio criticar o desempenho político de Biden, divulgando um vídeo na quarta-feira onde questiona o crescimento económico durante o período em que Obama e Biden estiveram na presidência e retomando argumentos conservadores contra a legislação de cuidados de saúde de Obama e o escândalo envolvendo a empresa de painéis solares Solyndra.
No entanto, as recentes alegações de algumas mulheres que afirmaram que se sentiram desconfortáveis com a interação física que tiveram Biden no passado, criaram algumas incertezas quanto às hipóteses do antigo vice-presidente ver a sua campanha ser bem-sucedida. Todavia, até ao momento, não foi apresentada formalmente qualquer queixa por assédio.
O principal concorrente para Trump?
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já tinha feito a previsão que o seu rival democrata nas eleições de 2020 para a Casa Branca deveria ser ou o ex-vice-Presidente Joe Biden ou o senador Bernie Sanders.
"Eu penso que serão o louco do Bernie Sanders e o sonolento do Joe Biden os dois finalistas a apresentarem-se contra aquela que talvez seja a melhor economia na história do nosso país (e muitas outras coisas)”, afirmou Trump, na noite de terça-feira, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
"Espero enfrentar qualquer um deles", acrescentou o Presidente.
Sanders — que competiu sem sucesso em 2016 nas eleições primárias dos democratas contra Hillary Clinton — e Joe Biden são os favoritos, de acordo com todas as sondagens, para disputar a presidência norte-americana contra Trump em 2020.
[Notícia atualizada às 12:21]
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