O grupo contesta, sobretudo, os elevados gastos públicos por parte do Estado e das autarquias com a JMJ, que começou na terça-feira e termina no domingo.
No local são também muitas as referências aos abusos sexuais no seio da Igreja Católica.
Os manifestantes empunham cartazes com frases como: “tratem Portugal como se estivesse cá o Papa o ano todo”, “4.815 + 40. Quantas mais precisam que sejam abusadas?” e “chega de papar o nosso dinheiro”.
O protesto decorre em frente à Capela de Nossa Senhora da Saúde, no Martim Moniz, onde a organização montou duas colunas, um pequeno sistema de som e colocou à frente as bandeiras LGBTI+, trans e não binário.
Cerca das 19:30, um dos membros da organização leu o manifesto do movimento “Sem Papas na Língua”, que se insurge contra a Igreja Católica e a sua “tradição histórica de abusos sexuais a menores”.
O documento critica também os 40,2 milhões de euros gastos pela Câmara Municipal de Lisboa na JMJ, apontando que, “enquanto isto acontece, as pessoas continuam sem habitação digna e os pobres continuam pobres, a dormir nas ruas, mais ou menos escondidos do público”.
“Num espaço de dias, as portas do metro irão abrir-se durante a noite na JMJ, para servirem de abrigo aos peregrinos, mas não para quem diariamente pede apoio social e habitação digna ao Estado ou à igreja”, é também assinalado no manifesto.
Durante e após a leitura do documento, os manifestantes gritaram também algumas palavras de ordem, como: “abaixo o Papa, fora a concordata” e “para o Papa são milhões, para o povo são tostões”.
A agência Lusa tentou falar com alguns dos organizadores do protesto, que foi convocado através das redes sociais, que disseram não querer prestar declarações.
Sara, de 25 anos, foi uma das centenas de pessoas que decidiram rumar ao Martim Moniz, defendendo que este protesto não foi convocado apenas “por causa das crianças abusadas, que são bastantes, mas também devido ao descontentamento dos portugueses por todo o dinheiro gasto neste evento, pago pelos contribuintes”.
“São os transportes, não há casas, não há nada e de repente o Estado consegue proporcionar um evento deste tamanho. E acho que isso não faz sentido, visto que os portugueses não estão a receber ajuda para nada”, afirmou à Lusa.
Também Maria, de 25 anos, considerou que o país não devia “desperdiçar tantos milhões numa publicidade a uma fé”.
“Nós não temos nada contra a fé, mas isto é demasiado. Nós queremos realmente que os portugueses se sintam apoiados”, acrescentou.
A poucos metros dos manifestantes, na Praça do Martim Moniz, os peregrinos aguardam pelo primeiro festival dos influenciadores católicos, com início previsto para as 21:00.
AJMJ é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, que conta com a presença do Papa Francisco.
Estima-se que a jornada tenha um custo a rondar os cerca de 160 milhões de euros.
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