Falando numa sessão pública, no Centro de Trabalho de Alpiarça, na qual foi apresentada a lista de candidatos pelo distrito às legislativas de 30 de janeiro, encabeçada pelo atual deputado António Filipe, Jerónimo de Sousa disse aos perto de duas centenas de apoiantes que estas eleições só acontecem porque, embora por razões diferentes, o PS e o Presidente da República têm o objetivo comum de “abrir as portas à cooperação” entre socialistas e social-democratas “para assegurar o futuro da política de direita”.
“Escusam de vir com choradinhos e lamentos, porque o país vai para eleições escusadas e acusaram os outros de irresponsabilidade. Se vai para eleições, foi porque o PS e o Presidente da República assim o quiseram, cada qual por razões diferentes, mas com o objetivo comum de afastar o PCP e o PEV da intervenção política e da ação que vinham exercendo em defesa dos interesses populares e abrir as portas à cooperação entre PS e PSD para assegurar o futuro da política de direita, que no essencial os une”, declarou.
Para o líder comunista, “não é por acaso que se veem, de um lado e do outro, proclamações para disponibilidade de entendimentos mútuos, efusivamente aplaudidos pelo grande patronato”, com o objetivo de resistir “às pretensões do PCP para aumentar salários, revogar normas gravosas da legislação laboral, pôr em risco o negócio da doença por parte dos grupos económicos”.
“Ninguém duvide, um PS mais forte significará um PS ainda mais próximo do que o PSD e o CDS defendem, significará adiar respostas aos problemas nacionais, tal como o reforço do PSD e os seus sucedâneos significará dar força a um mais acelerado processo de regressão económica e social”, afirmou.
Sublinhando que o PCP não está nem nunca estará “de mãos atadas”, nem “condicionado na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo”, Jerónimo afirmou que “não vale a pena andar para aí a agigantar o medo da direita, quando se está a pensar em arranjos com ela”.
“A direita não se combate por quem lhe estende a mão. Quer semear o medo para colher vantagens e não para resolver os problemas”, disse, pedindo um reforço da CDU no parlamento, com a eleição de mais deputados.
“Quanto mais força e mais deputados tiver a CDU, mais próximo os trabalhadores ficam de ver os seus salários aumentarem para valores que respondam às necessidades da sua vida”, declarou.
Para Jerónimo de Sousa, a valorização dos salários é “uma emergência nacional e decisiva para o futuro do país”, nomeadamente “para travar a saída de milhares de trabalhadores para o estrangeiro, para garantir o povoamento do território nacional, para distribuir melhor a riqueza, para estimular a economia e para alargar as receitas da Segurança Social”.
O secretário-geral do PCP referiu-se ao cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Santarém como um deputado que “o distrito e o país conhecem bem”, pela sua intervenção “prestigiante”, “destacada” e “ativa” em defesa das populações, salientando o seu “profundo” conhecimento da região.
Na sua intervenção, António Filipe elencou as “muitas causas” da região em que se tem empenhado e que, como deputado eleito pelo círculo de Santarém, desde 2009, levou à Assembleia da República, tanto em matéria de direitos dos trabalhadores, como por problemas ambientais ou na prestação de serviços públicos, procurando estar “sempre onde é preciso estar para a resolução dos problemas das pessoas”.
António Filipe, 58 anos, jurista e professor universitário, é deputado desde a V legislatura (primeiro por Lisboa e, a partir de 2009, por Santarém), tendo sido vice-presidente da Assembleia da República (função que ocupou de 2004 a 2009, de 2011 a 2015 e de 2019 a 2021).
Nas eleições legislativas de 2019, a CDU, coligação entre o PCP e o Partido Ecologista os Verdes, obteve, no distrito de Santarém, 7,6% dos votos (15.662 em 206.918 votantes), elegendo um deputado.
O distrito conta com nove deputados à Assembleia da República, tendo, em 2019, sido eleitos quatro do PS, três do PPD/PSD, um do BE e outro da CDU.
A lista de candidatos da CDU pelo círculo de Santarém tem como mandatário o dirigente da Intervenção Democrática João Luís Madeira Lopes.
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