“Nos tempos que vivemos, temos assistido a inquietantes movimentações de forças reacionárias e fascizantes na Europa, nas Américas, em outras paragens, mas também por cá, às quais se impõe dar um combate sem tréguas. Um combate sério e com os instrumentos eficazes”, afirmou o líder comunista na sessão pública comemorativa dos 60 anos da fuga de Caxias, que hoje decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa.
Numa sessão em que se evocou “a fuga de uma prisão do fascismo, num tempo e num contexto diferente” do de hoje, Jerónimo de Sousa alertou que, ainda assim, o tempo atual “não está isento de perigos”.
E avisou: “Não basta agigantar o perigo da direita e de tais forças reacionárias e fascizantes, quantas vezes por meros objetivos táticos para perpetuar as políticas que, afinal, as alimentam. Não vale a pena gritar que vem aí o lobo, quando pouco ou nada se faz para agir sobre as causas que estão na origem do seu aparecimento — as políticas que fomentam as desigualdades e a exploração”.
Para o secretário-geral do PCP, “na origem desse perigo que existe estão as políticas do neoliberalismo dominante” e as “políticas de rapina e ingerência e de guerra contra os povos que fomentam o racismo e xenofobia”.
“Uma política que tem conduzido a um violento aumento da exploração do trabalho, destruição de direitos sociais, brutais ataques à soberania dos povos e a uma gigantesca e crescente concentração e polarização da riqueza. Uma política que, servindo os senhores do dinheiro e do mundo, despreza o homem, os seus direitos e degrada a democracia e que, naturalmente, tem também tradução no nosso País na política de direita dos muitos governos dos últimos anos”, sustentou.
E se, “nestes tempos de epidemia – onde as desigualdades e a exploração se aprofundam e ficaram expostas as muitas fragilidades do país” – se afirmou que “nada podia ser como dantes, que não se poderia esperar que as soluções de ontem fossem as de amanhã”, Jerónimo de Sousa acusa: “Disseram-no, mas depressa o querem fazer esquecer. Ficam-se pelas palavras, quando são precisas políticas e soluções concretas”.
“Em vez da mudança, é a mesma cartilha que ditava o que servia os interesses dominantes que continua e se perspetiva fazer imperar”, atira.
Para o secretário-geral do PCP, o futuro constrói-se com o Partido Comunista Português, “que nunca virou a cara à luta e que continua presente na sociedade portuguesa como força de mudança, […] abrindo os caminhos da transformação social e do progresso, da vitória sobre a injustiça e as desigualdades e a concretizar as aspirações dos trabalhadores e do povo a uma vida melhor”.
“Alguns, na esperança de buscar um lugar na história que não tiveram, tentam pôr na sombra o papel deste Partido Comunista Português na Resistência. Jamais esqueceremos e deixaremos de valorizar e respeitar o papel e contributo de outros antifascistas e resistentes de outras correntes de opinião ou sem partido, mas também é o momento oportuno para afirmar que jamais deixaremos usurpar o património de luta de um partido que foi uma força central na resistência ao fascismo”, afirmou.
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