“A falta de recursos técnicos e humanos que se fazem sentir e que levaram à acumulação de atrasos nas consultas, nos exames de diagnóstico e nas cirurgias, são, em primeiro lugar, o resultado de dezenas de anos de política de direita na saúde e de uma estratégia de redução das capacidades do SNS, da responsabilidade de PS, PSD e CDS, de que o subfinanciamento, a desvalorização dos profissionais, a degradação das infraestruturas e equipamentos são exemplo”, disse Jerónimo de Sousa.
O líder comunista discursava numa sessão pública, em Vila Franca de Xira, defendendo que “uma das principais causas da situação difícil que se vive hoje no SNS é a crescente entrega de serviços e meios e recursos aos interesses privados para negociarem com a doença dos portugueses, objetivo no qual as Parcerias Público-Privadas (PPP) se inserem”.
“Aproveitando algumas dificuldades que subsistem no SNS, fruto da política de direita, os adversários do serviço público exploram sentimentos genuínos das populações de ver garantido o direito à saúde a todos, para afirmarem que o melhor é entregar aos grupos privados da saúde a recuperação dos atrasos, garantindo assim a drenagem de centenas de milhões de euros do orçamento do SNS para estes grupos”, criticou.
Segundo Jerónimo de Sousa, “os grupos privados retiram e sugam ao SNS, através da contratualização de serviços clínicos, mais de mil milhões de euros/ano, garantindo desta forma uma parte significativa dos seus orçamentos e os meios financeiros para os muitos investimentos que têm vindo a realizar”.
Àqueles mil milhões/ano, o líder comunista junta “os dinheiros recebidos dos vários subsistemas públicos de saúde, como acontece com a ADSE”, acumulando-se assim, pelas suas contas, “mais de dois mil milhões de euros/ano”.
“Não admira pois que, perante a possibilidade de deitarem a mão a mais uma fatia do orçamento do SNS, venham agora mostrar uma grande abertura para ‘ajudarem’, disponibilizando centenas de camas e assim poderem garantir a contratualização de milhares de cirurgias, das mais de 130 mil em atraso. Disponibilidade que não mostraram para tratarem doentes covid-19, a parte que não lhes interessa porque só dá despesa”, afirmou.
O secretário-geral comunista sublinhou que “o PCP não desistiu e apresentou, na discussão do Orçamento do Estado para 2021, mais de 50 propostas para reforço do SNS, 23 das quais foram aprovadas”.
“Propostas que representam um aumento do orçamento do SNS num valor superior a 600 milhões de euros, que vão permitir contratar milhares de profissionais em falta, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, reforçar a estrutura de saúde pública, preparando-a para enfrentar situações como a que estamos a viver desde março, renovar equipamentos, construir novos hospitais e centros de saúde”, disse.
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