Em entrevista ao canal 1 da RTP, Jerónimo de Sousa assegurou que “o PCP está em condições de assumir qualquer responsabilidade”, incluindo a de formar governo, assinalando, contudo, que há “uma questão central: para quê e para quem?”.
“Sem rutura e uma política alternativa, ir para o poder pelo poder, para isso não estamos disponíveis”, acentuou.
Para justificar a “importância de dar mais força ao PCP” nas próximas legislativas, o líder comunista argumentou que “sempre que o PS foi governo, incluindo com maioria absoluta, não houve uma política de esquerda”.
Jerónimo de Sousa recordou os vários “avanços” alcançados com a solução política da ‘geringonça’, como o “aumento extraordinário das pensões”, ao qual, de início, o executivo e até o BE estavam “renitentes”.
Questionado várias vezes pelo jornalista Vítor Gonçalves se a solução da ‘geringonça’ “valeu a pena”, o secretário-geral comunista tentou algumas vezes contornar a questão, mas lá acabou por dizer que sim.
“Valeu (a pena) pelos avanços que se conseguiram alcançar”, admitiu, apesar de, por várias vezes, acusar o PS de prosseguir uma “política de direita”, insistir na necessidade de uma rutura com a situação atual e, no essencial, os socialistas cederem ao PSD e ao CDS.
Quanto à contagem do tempo de trabalho dos professores, suspenso durante o período da crise financeira, Jerónimo de Sousa recordou que é uma medida inscrita no OE de 2018 e rejeitou condicionar a sua concretização ao voto do PCP no Orçamento do Estado para o próximo ano.
“O nosso posicionamento é um posicionamento político geral”, referiu o dirigente comunista, apesar de apoiar a “justa reivindicação” dos professores e considerar que “a questão nem se deveria colocar”.
Para reforçar, Jerónimo lembrou que “na negociação do OE não de discutem aumentos salariais”, até porque os partidos não se substituem aos sindicatos.
A terminar a entrevista, o secretário-geral do PCP rejeitou intrometer-se na questão da recondução do mandato da atual procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.
O PCP “não se vai envolver nesse debate”, que é uma questão entre o Presidente da República e o executivo, sublinhou, rejeitando “julgamentos apressados” sobre o mandato de Joana Marques Vidal, mas reconhecendo “avanços significativos” e admitindo que a atual procuradora-geral da República lidou com “dificuldades imensas” e com “grandes constrangimentos” no que respeita aos meios humanos e materiais da instituição.
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