O chefe de Estado criticou o facto de ser uma brasileira a criticar o próprio Brasil, algo que, segundo o referiu, não acontece com outros países.
“Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o Raoni [um dos principais líderes indígenas brasileiros], para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu (alguém) atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém já viu o americano criticando as queimadas no estado da Califórnia? É só aqui”, disse Bolsonaro a apoiantes, em Brasília.
A jovem indígena, de 24 anos, participou na segunda-feira na abertura da COP26, em representação das comunidades indígenas do Brasil, ao contrário de Jair Bolsonaro, que foi um dos grandes ausentes da cimeira.
Estudante de direito e jovem ativista do estado de Rondônia, a jovem falou na COP26 sobre os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas brasileiras devido à desflorestação descontrolada e às consequências das alterações climáticas.
Na cimeira, Txai Suruí, fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia, criticou “mentiras vazias e promessas falsas” e advogou que os povos indígenas precisam de participar das decisões sobre as alterações climáticas.
“Tenho apenas 24 anos, mas meu povo vive na Floresta Amazónica há pelo menos seis mil anos. Meu pai, o grande chefe Almir Suruí, me contou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje, o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo e as nossas plantações não florescem como no passado. A Terra está falando: ela nos diz que não temos mais tempo”, disse, citada pelo jornal O Globo.
Os indígenas Suruís ou Paiter-Suruís vivem na região de fronteira entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Antes do contacto com a civilização branca, o grupo étnico tinha cerca de 5.000 membros, mas agora não chegam a 1.000.
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