A organização não-governamental refere-se a abusos sexuais registados em oito campos de deslocados que foram visitados pelas equipas de investigação tendo elaborado o relatório: “Os condenados: mulheres e crianças isoladas, encurraladas e exploradas no Iraque”.
Quatro mulheres contaram à Amnistia Internacional que presenciaram diretamente atos de violação e que ouviram gritos de uma outra mulher que estava a ser violada no interior de uma tenda, por homens armados, membros da administração do campo e outros deslocados do sexo masculino.
O grupo mais vulnerável nos campos de deslocados, segundo o relatório, são as mulheres e as crianças familiares ou que tenham tido ligações ao grupo radical Estado Islâmico.
De acordo com a Amnistia Internacional os responsáveis pelos campos de deslocados negam alimentos e cuidados médicos às mulheres e crianças que alegadamente tenham tido algum tipo de vínculo ao Estado Islâmico.
“A guerra contra o Estado Islâmico no Iraque pode ter terminado, mas o sofrimento da população iraquiana está longe de ter chegado ao fim. As mulheres e as crianças com supostas ligações ao Estado Islâmico estão a ser castigadas por crimes que não cometeram”, refere a diretora para o Médio Oriente da Amnistia Internacional, Lynn Maalouf, através de um comunicado.
O relatório baseou-se em entrevistas efetuadas a 92 mulheres nos oito campos de deslocados nas províncias do norte do Iraque.
A equipa de investigação entrevistou também três dezenas de membros de organizações não-governamentais locais e internacionais presentes nos campos e nove funcionários e ex-funcionários das Nações Unidas.
Dois milhões e 14 mil iraquianos continuam deslocados dos locais de residência sendo que 613 mil vivem em acampamentos, de acordo com os dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
No final do mês de dezembro, o governo iraquiano anunciou o final da guerra contra o Estado Islâmico que se prolongou durante três anos.
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