“Pensávamos que fosse uma chuva passageira, como noutros dias. Não imaginávamos que a coisa fosse chegar a este nível”, conta à Lusa a residente de 37 anos, a poucos metros da sua casa, agora totalmente engolida pela água.
Com dezenas de casas totalmente inundadas e ruas quase intransitáveis, o bairro periférico em que Cecília Mate vive é o retrato fiel de uma madrugada sofrida para dezenas de famílias que foram obrigadas a abandonar suas casas para evitar tragédias.
“Preferimos passar a noite na rua”, explica Cecília, ao lado de outras famílias vizinhas no bairro Maxaquene A.
A maior parte saiu com a roupa do corpo.
O escoamento inexistente, retrato típico da periferia de Maputo, faz com que a água permaneça estagnada por dias.
“Não conseguimos aproveitar nada em casa. A água entrou e nós só conseguimos salvar as nossas vidas”, conta à Lusa Castigo Mondlane, de 41 anos.
Além de ficar com tudo que tinha submerso, Castigo Mondlane, que trabalha como reparador de eletrodomésticos, perdeu dezenas de máquinas de clientes.
“Não sei o que direi a estas pessoas. Há clientes que vivem por aqui e que conseguiram perceber a situação. Mas há pessoas que não vão entender. Não sei o que vai ser se estas pessoas exigirem que eu pague pelos eletrodomésticos que perdi com a chuva”, lamentou.
O drama de Joana Luís, de 32 anos, é o de uma empregada doméstica que há dois dias não consegue comparecer no posto de trabalho e que tem a casa ‘engolida’ pela água no bairro de Polana Caniço.
“Não sei se o patrão me vai receber amanhã”, lamenta.
A precipitação intensa superou os 100 milímetros nas últimas 24 horas, afetando 2.400 famílias, disse hoje à Lusa Esselina Muzima, delegada do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) na cidade de Maputo.
Moçambique está em plena época chuvosa e as inundações urbanas são recorrentes nesta altura do ano.
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