"A ideia que houve uma 'desbunda' no banco público não passa de propaganda política", afirmou Vara durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco estatal.
Questionado sobre as razões que levaram à constituição de elevadas imparidades na CGD, o responsável apontou para o efeito da grave crise sobre muitas empresas que tinham contraído crédito junto do banco e não cumpriram com os compromissos, realçando que este problema não foi exclusivo do banco público, mas sim comum a todos os bancos portugueses e também europeus.
"As imparidades da CGD comparam bem com as dos outros bancos portugueses ou europeus", sublinhou.
Antes, Vara já tinha dito aos deputados que quando a equipa de gestão liderada por Carlos Santos Ferreira, da qual fazia parte, assumiu as rédeas do banco público, a quota de mercado da instituição no segmento das empresas era muito baixa face à quota dos particulares, pelo que houve uma clara aposta no financiamento às empresas.
Mesmo sabendo de antemão que tal implicava a prazo uma subida do crédito em risco, que se veio a verificar numa escala muito maior a todas as previsões devido ao impacto da crise financeira e económica mundial.
Vara foi ouvido durante mais de quatro horas no parlamento, sem interrupções, com os partidos da oposição a jogaram claramente ao ataque.
Refira-se que, antes do arranque da audição de Vara, foi votado favoravelmente o pedido para a suspensão dos trabalhos da comissão de inquérito até 4 de maio, bem como a prorrogação do prazo da mesma por mais 30 dias.
Os cinco grupos parlamentares que integram a comissão de inquérito (PS, BE, PCP, PSD e CDS) já tinham concordado com esta iniciativa na reunião de mesa e coordenadores que decorreu na semana passada (dia 16 de março), pelo que hoje a votação foi rápida.
O objetivo é dar tempo para que haja uma decisão definitiva por parte das autoridades judiciais relativamente à documentação solicitada pelos deputados ao Ministério das Finanças, ao Banco de Portugal (BdP), à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e à CGD, conforme explicou aos jornalistas o presidente da comissão, Emídio Guerreiro, na última quinta-feira.
Isto, porque apesar de o Tribunal da Relação de Lisboa ter considerado legítima a pretensão da comissão ter acesso a um vasto conjunto de informações solicitadas às entidades em causa, as mesmas recorreram para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e o processo ainda está em curso.
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