"A mim preocupa-me nesta fase da vida da EDP o futuro da empresa. [...] Tem hoje, depois de um longo processo de privatização, muitos acionistas estrangeiros e poucos portugueses. É uma empresa detida sobretudo por capital estrangeiro. É uma empresa muito exposta ao mercado de capitais e à sensibilidade dos investidores internacionais", declarou Luís Amado, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito às rendas excessivas aos produtores de eletricidade.
O presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da EDP, desde abril de 2018, manifestou o desejo de que a comissão conclua o seu trabalho, elabore o relatório e daí se extraiam as "devidas consequências".
"A nossa preocupação é passar esta página da vida da EDP. [...] Era bom que o ruído à volta da EDP fosse ultrapassado, o ruído sobre a imagem de uma empresa cotada, com acionistas que se inquietam com a situação em que a empresa está imersa, […] para poder voltar a ser uma marca de referência no setor elétrico europeu, e nas energias renováveis, em particular", declarou.
Questionado pelo deputado do PSD António Topa sobre os problemas que disse terem de ser resolvidos, quando assumiu funções na liderança do CGS, Luís Amado explicou que se referia então "aos problemas regulatórios, que foram identificados e estão a ser objeto permanente de interação entre a empresa e os diferentes departamentos do Governo".
"Em determinados momentos esse diálogo foi mais difícil", acrescentou.
Além disso, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA), lançada pelo principal acionista, a CTG, em maio passado, que levou "investidores com presença mais longa a retraírem-se", a EDP “precisa de estabilidade interna acionista", defendeu.
Confrontado sobre a posição dos reguladores em vários dossiês, Amado escusou-se a fazer comentários, considerando que "cada órgão desempenha a sua função".
"Um órgão executivo da EDP que tem de responder perante os interesses acionistas é muito diferente do de um órgão regulador. Do ponto de vista institucional não tenho de fazer qualquer comentário à atividade do regulador", disse.
O ex-ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros Luís Amado assumiu em abril do ano passado a presidência do CGS, que antes havia sido liderada por Eduardo Catroga, tendo sido o nome proposto pelos acionistas representados no órgão que supervisiona a comissão executiva, que tem à frente António Mexia. Antes, entre 2015 e 2018, tinha sido vice-presidente.
Após a audição de Luís Amado ficam a faltar ouvir os responsáveis com a pasta da energia da atual legislatura - o ex-ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral, o antigo secretário de Estado da Energia Jorge Seguro Sanches, e Matos Fernandes e João Galamba, que passaram a tutelar o setor em outubro de 2018.
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