"Essas operações são absolutamente normais, absolutamente correntes no sistema bancário", afirmou Rodolfo Lavrador, administrador da CGD entre 2008 e 2013, na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público, na Assembleia da República, em Lisboa.
Em resposta à deputada do CDS-PP Cecília Meireles, Rodolfo Lavrador adiantou que se tratava de "operações internas devidamente autorizadas pelos órgãos competentes", "absolutamente neutras do ponto de vista do balanço" e com o objetivo de proporcionar uma "melhor gestão e melhor aproveitamento de capital da Caixa".
As operações "não aportavam maior risco" e não tinham "qualquer impacto no perímetro de supervisão do Banco de Portugal", acrescentou.
Rodolfo Lavrador disse ainda que muito do capital que era transferido para a sucursal espanhola da CGD era de "operações originadas pela banca de investimento".
Mais tarde, o deputado do PS João Paulo Correia afirmou que o projeto da CGD em Espanha era "duplicar o número de agências, clientes e ativo, e a estratégia passava por apoiar as pequenas e médias empresas portuguesas" que operavam no país, mas "o que acabou por acontecer não foi isso, foram 'project finances' para um projeto que ainda hoje não tem licença de urbanização".
"A Caixa em Espanha resvalou para a sedução da bolha imobiliária", declarou o parlamentar socialista, observando que Espanha "gerou imparidades na casa mãe" e que "foram cedidos 400 milhões de euros do Banco Caixa Geral para a sucursal".
Rodolfo Lavrador reforçou que "80% das imparidades são operações que não foram originadas no Banco Caixa Geral", mas sim pelo banco de investimento.
O ex-administrador explicou que, a partir dos anos 2010, as exigências de capital em Espanha "ficaram muito maiores", com maior exigência nos "rácios de solvabilidade e de solvência" e na "constituição de provisões", o que também levou a que as transferências fossem efetuadas.
Algumas operações foram também feitas para "evitar aumentos de capital mais significativos", disse o antigo administrador.
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