De acordo com a agência Associated Press, também milhares de pessoas acorreram a Beni para votar, depois da comissão eleitoral ter decidido impedir o voto naquela localidade e em Butembo, afetadas por um surto de ébola, adiando ali a votação para março.
A Igreja Católica, que está em missão de observação do processo eleitoral, disse que recebeu 544 queixas de mau funcionamento das máquinas de voto.
O secretário geral da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), o padre N’Shole, citado pela rádio Okapi disse ter recebido também “115 relatos de recusa ou a exclusão de observadores nas mesas de voto” e 44 denúncias de corrupção dos votos.
Em Kinshasa foram registadas muitas queixas de pessoas que não encontraram os seus nomes nas mesas de voto, segundo o chefe da comissão eleitoral, Corneille Nangaa.
Pelo menos duas pessoas foram mortas e mais duas foram feridas em confrontos, segundo autoridades locais.
Mais de 39 milhões de congoleses foram chamados às urnas para escolher o sucessor do presidente Joseph Kabila, e os deputados nacionais e provinciais de 75.781 colégios eleitorais.
Algumas urnas vão continuar abertas durante a noite para compensar os atrasos verificados em várias localidades, devido à falta de material para votar, problemas técnicos ou falta de energia.
A população escolherá o sucessor do presidente Joseph Kabila, que esteve 17 anos no poder, numa eleição adiada desde 2016, com críticas da oposição.
Os resultados oficiais deverão ser conhecidos a 15 de janeiro, mas esperam-se dados preliminares antes dessa data.
Entre os 21 candidatos ao poder, os principais líderes da oposição, Martin Fayulu e Felix Tshisekedi desafiam o sucessor escolhido por Kabila, o ex-ministro do interior Emmanuel Ramazani Shadary, sancionado pela União Europeia por ter reprimido manifestantes que se opuseram ao adiamento das eleições.
O país é rico em minerais, incluindo os que são cruciais para a produção mundial de smartphones e carros elétricos, mas, no entanto, o Congo continua subdesenvolvido e com níveis muito elevados de corrupção e de insegurança.
Por seu turno, o Papa Francisco exprimiu hoje o desejo que o processo eleitoral se desenrole “num clima pacífico”, e pediu para que os fiéis rezem pelos que sofrem naquele país africano “com a violência e o ébola”.
“Espero que todos se comprometam a manter um clima pacífico que permita um desenrolar pacifico das eleições”, disse o papa durante a oração do Angelus dominical.
A República Democrática do Congo realizou eleições presidenciais, legislativas e provinciais com dois anos de atraso, pois deveriam ter sido realizadas em dezembro de 2016.
O último incidente deu-se em meados de dezembro, quando um incêndio em Kinshasa calcinou milhares de máquinas de votação e material eleitoral.
A campanha eleitoral ficou marcada por incidentes violentos e pela repressão por parte do exército.
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