Segundo o executivo indonésio, as operações decorreram na província de Java Ocidental com o envolvimento das forças armadas e da polícia, que tomaram o controlo de cerca de 124 hectares pertencentes a Tommy Suharto, de verdadeiro nome Hutomo Mandala Putra, e à sua empresa, a PT Timor Putra Nasional, conhecida por “Timor” e que tem atividade na indústria automóvel.
A apreensão enquadra-se numa disputa sobre dívidas ao Estado no valor de mais de 2.600 milhões de rupias indonésias (cerca de 157 milhões de euros), como parte de um esforço maior para recuperar 7.700 milhões de dólares (6.660 milhões de euros) em empréstimos pendentes e que serviram como garantias bancárias durante a crise financeira de 1997/98.
Os esforços anteriores para confiscar quatro lotes de terra em Karawang, província de Java Ocidental, apoiados por empréstimos por pagar há décadas, falharam devido a “obstáculos no terreno”, de acordo com o Governo.
Dezenas de pessoas foram convocadas para discutir esses fundos, disse o ministro da Segurança indonésio, Mahfud MD, citando sucessivas mudanças nos funcionários do Governo, o que eclipsou as negociações com os credores para explicar a duração do processo.
“Isto já dura há 22 anos. Não haverá mais negociações”, garantiu hoje Mahfud.
Na sequência, e segundo os responsáveis pela operação de cobrança de dívidas, Tommy Suharto e respetivo advogado foram convocados para responder aos pedidos de comparência no tribunal.
Os 32 anos de ditadura de Hadji Mohamed Suharto, que morreu de causas naturais em 2008, dez anos após deixar o poder, foram marcados pelo estrangulamento do seu “clã” à economia do país e os seus seis filhos são acusados de terem acumulado fortunas.
Suharto, que chegou a ser classificado como o líder mais corrupto do mundo pela organização Transparência Internacional (TI), teria acumulado com a sua família entre 15.000 milhões de dólares e 35.000 milhões de dólares (entre 12.970 milhões de euros e 30.260 milhões de euros).
Até hoje, o Estado indonésio tentou, sem grande sucesso, recuperar parte da fortuna, parcialmente colocada em contas bancárias no estrangeiro.
Em 2002, Tommy Suharto foi condenado a 15 anos de prisão por ordenar o assassínio de um juiz do Supremo Tribunal de Justiça indonésio que o considerou culpado de corrupção.
O filho mais novo de Suharto seria libertado em 2006, depois de cumprir menos de um terço de sua sentença, e inocentado em 2009 de acusações de corrupção num caso de alegado desfalque de 400 milhões de dólares (346 milhões de euros) de dinheiros públicos ligado ao fiasco financeiro do lançamento do “Timor”, apresentado como o primeiro automóvel indonésio.
Atualmente, Tommy Suharto é dirigente do Partido Berkarya (Partido do Trabalho), criado em 2016, e de que foi presidente até julho de 2020, após ter obtido 2,09% dos votos nas eleições gerais de 2019.
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