
Em comunicado divulgado hoje, a direção do IndieLisboa explicou que tomou a decisão na sequência da divulgação de uma carta aberta, na segunda-feira, por uma das alegadas vítimas de violência num relacionamento com o realizador. Contactado pela agência Lusa, Ico Costa refutou todas as acusações, dizendo que a denúncia é falsa.
Na sequência da carta aberta “e face ao surgimento de novas denúncias”, o festival retirou da competição oficial o filme “Balane 3”, de Ico Costa, e um outro projeto por ele produzido, ainda não finalizado.
“A situação exige integridade e responsabilidade social, princípios que regem o nosso código de conduta. Somos profundamente sensíveis a denúncias de violência e temos consciência de que o contexto social e legal da violência de género é, muitas vezes, revitimizante na forma como trata quem denuncia”, escreveu a direção do IndieLisboa.
Para a direção do festival, a convicção, "no que diz respeito a estas situações, é a de que deve ouvir as vítimas".
Na carta aberta, divulgada através da rede social Instagram, a alegada vítima faz referências a agressões verbais, físicas e psicológicas, “estratégias de intimidação, de chantagem emocional e de vitimização” por parte de Ico Costa, durante um relacionamento há cerca de quatro anos.
Na denúncia, a mulher diz ter conhecimento de “pelo menos [outras] seis vítimas” e que as agressões aconteceram “pelo menos ao longo de dez anos”.
A autora da denúncia pública refere ainda que tentou apresentar uma queixa-crime contra o realizador, que não chegou a concretizar: “A própria polícia só me levantou dificuldades, argumentando que não o ia conseguir levar avante por já não apresentar sinais visíveis de agressão física”.
Contactado pela agência Lusa, o realizador Ico Costa disse que é uma denúncia falsa e que desconhece quem são as alegadas vítimas.
“É uma denúncia falsa, feita por parte de uma pessoa que nunca conheci. Essa pessoa não existe. […] Sou contra qualquer tipo de cancelamento e as vítimas têm que existir e neste momento não existem”, disse o realizador.
Questionado sobre a retirada dos filmes do IndieLisboa, Ico Costa disse que "é só mais um festival", porque “Balane 3” já teve estreia noutros festivais.
“Balane 3”, que fez a estreia mundial este ano no Festival Internacional de Documentário de Copenhaga, é um documentário sobre a vida dos habitantes de um bairro em Inhambane, uma cidade no sul de Moçambique, país onde Ico Costa tem trabalhado com regularidade.
Nascido em Lisboa em 1983, Ico Costa é autor de filmes como “Alva” (2019) e “O Ouro e o Mundo” (2024), trabalhando ainda em produção através da Oublaum Filmes, que fundou em 2019.
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