"Aquilo que nós temos de ter consciência é que o grande esforço que tem de ser feito é o esforço na prevenção [dos incêndios florestais] e acho que é preciso também termos conta das boas práticas para se ver que é possível", disse António Costa.
O chefe do Governo falava após uma visita ao trabalho desenvolvido na freguesia de Alcaravela, em Sardoal (Santarém) no âmbito da criação de faixas de gestão combustível, quer na floresta quer em torno das aldeias, e onde se inteirou dos sistemas de videovigilância existentes na região do Médio Tejo e dos resultados de sensibilização da população de Sardoal para as boas práticas preventivas.
No final da visita pela freguesia e pela serra de Alcaravela, o governante deu conta de ter assistido a "várias boas práticas", tendo destacado a importância, em primeiro lugar, dos autarcas "assumirem como sua esta causa e ajudarem a mobilizar toda a comunidade para que torne o território mais resistente".
Neste sentido, destacou que a "interiorização" e envolvência da comunidade de Sardoal resultou em coimas quase nulas em 2018, sinal da "consciência das pessoas" para a sua proteção e dos seus bens, a limpeza das suas propriedades, a criação das faixas de gestão e interrupção de combustíveis.
António Costa destacou ainda a "criação de uma faixa de proteção de 100 metros em volta das aldeias", a par do cultivo de espécies "resistentes ao fogo", como se assistiu no local com faixas de plantações de figos da índia, de olival e medronheiros, entre outras espécies autóctones.
Com cerca de mil habitantes e 14 aldeias dispersas por um território de 36 quilómetros quadrados, dos quais 90% de mancha florestal, o trabalho de "consciencialização coletiva" na freguesia de Alcaravela afirmou-se depois do grande incêndio de 2017, com as chamas a consumirem mais de 1.400 hectares de floresta (essencialmente eucaliptos e pinheiros), e a devastarem mais de um terço da freguesia.
A devastação causada pelo sinistro despertou a comunidade para a necessidade das ações individuais e coletivas de prevenção, tendo o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges (PSD) afirmado que "mais vale pagar do que apagar", sintetizando o sentimento coletivo numa frase que António Costa viria a fixar e a repetir, reportando-se aos investimentos de muitos milhares de euros em ações de limpeza da floresta e na criação de estradões e pontos de água, e em torres de vigia e sistemas de videovigilância, a par das faixas de contenção e proteção de combustíveis junto das redes viárias e em torno das aldeias.
"Pagar é uma obrigação que nós temos porque estamos a utilizar, com um fim, o dinheiro dos contribuintes para que possamos ter as nossas vidas seguras, os nossos bens, e é um investimento na proteção das pessoas e bens que é importante, usado de acordo com a legislação, com regras e apoio dos proprietários, em colaboração com o município e o governo", afirmou.
"O grande esforço tem de ser feito, não no dispositivo de combate, mas (…) neste investimento na prevenção, e se o país se se continuar a mobilizar vamos continuar a conseguir ter nos próximos anos cada vez menor risco e com melhores resultados ainda do que aqueles que houve em 2018", reiterou António Costa.
O governante disse ainda que a "reorientação" para o esforço na prevenção "resultou de todas as recomendações da Comissão Técnica Independente criada pela Assembleia da República em 2017", tendo concluído com uma observação.
"Os bons resultados não devem esquecer que a ameaça existe e o que significa é que os bons resultados devem-nos motivar a fazer ainda mais o trabalho de prevenção que se faz no outono, no inverno, e na primavera", frisou.
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