"Das reuniões com os secretários de Estado da Floresta e do Turismo, ficou a ideia de acoplar [ao Parque do Engenho] um empreendimento turístico, [construído] com as madeiras retiradas da mata, como marca do que tínhamos, para ficarem estas madeiras como símbolo do futuro", disse Cidália Ferreira, durante o debate "Reerguer das cinzas o Pinhal do Rei", promovido pela Câmara e Assembleia Municipal.
A ideia integra o pacote de incentivos apresentados pela autarquia ao Governo, e que contempla a criação do Museu da Floresta no Parque do Engenho, aproveitamento das casas dos guardas na mata e pontos de vigia para fins turísticos.
A presidente da Câmara avançou ainda que pretende "a criação de um observatório ambiental" e o regresso dos Serviços Florestais à Marinha Grande.
"A Marinha Grande deu anualmente ao nosso país, a todas as regiões, mais de um milhão de euros. Chegou a hora de o nosso país contribuir com a Marinha Grande", disse a autarca, lembrando que depois do incêndio que consumiu 86% do Pinhal de Leiria "avizinham-se vários problemas acrescidos para resolver".
"Acredito que a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro] tenha um contributo especial para a resolução do nosso problema", disse ainda.
Durante o debate, Eugénio Sequeira, engenheiro agrónomo e membro do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, acusou o Governo de não acautelar os fogos num ano de particular risco.
"Lançaram a Carta de Perigosidade dos Incêndios Florestais para 2017 e não tomámos medidas nenhumas! Não pode ser. Põem a carta cá fora e não tomam medidas", lamentou.
O especialista exortou a população "a liderar um movimento para mudar o sistema. Os políticos não podem fazer o que têm de fazer, porque senão, coitados, vão para a rua como eu fui [Eugénio Sequeira foi candidato à Câmara Municipal de Cascais nas listas do PS entre 1989 e 1993]".
"Temos de exigir que os problemas sejam resolvidos e as coisas mudem a pouco e pouco. Com as alterações climáticas, vai ser o fim da 'macacada'", avisou.
Também Gabriel Roldão, investigador da Marinha Grande, alertou para o que o futuro reserva, depois do fogo no Pinhal de Leiria:
"A Marinha Grande não é mais aquela cidade que tinha um dos mais ricos ambientes, com melhor ar para respirar e melhores sítios para passear. Hoje temos um deserto, que começou com os incêndios de 2 de outubro de 2003: já temos na mata uma onda de areia branca com 450 metros de extensão".
O Pinhal de Leiria só terá árvores como tinha "dentro de 75 anos" e para render como até este ano "será preciso esperar 150 anos. Nunca mais vamos ver o Pinhal de Leiria como o conhecíamos".
"Os políticos têm de se unir para salvar a Marinha Grande da maior catástrofe da nossa história", concluiu.
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