Segundo as vítimas, citadas hoje pela agência EFE, a Igreja deverá pagar 450 milhões de pesos (580 mil euros) a James Hamilton, Juan Carlos Cruz e José Andrés Murillo, após uma decisão unânime do tribunal.
Esta decisão reverte a que tinha sido tomada em primeira instância pelo juiz Juan Muñoz, na sequência da queixa apresentada pelas três vítimas, que foram recentemente recebidas pelo papa, no Vaticano.
As vítimas acusam o arcebispo emérito e o atual de Santiago de encobrimento dos crimes de Karadima, que o papa Francisco expulsou do sacerdócio e a justiça canónica condenou a uma vida de oração e penitência.
A justiça chilena nunca chegou a condenar Karadima, um influente pároco em Santiago, porque os crimes que lhe eram imputados estavam prescritos.
De acordo com o diario La Tercera, também citado pela EFE, a mudança da abordagem da justiça à queixa das vítimas aconteceu a partir da descoberta de uma carta em que o cardeal Francisco Javier Errázuriz, bispo emérito de Santiago, admitia que, após as denuncias, não iria interrogar Karadima para não provocar mal-estar.
“É histórico. Igreja perde e admite encobrimento, negligência e mentiras. A partir de hoje, o mundo é mais seguro”, escreveu nas redes sociais Juan Carlos Cruz, uma das vítimas de Karadima, e que vive atualmente nos Estados Unidos.
Até finais de agosto, o Ministério Público tinha em curso 119 investigações contra 167 pessoas ligadas à Igreja, envolvendo 178 vítimas, das quais 79 eram menores à data dos factos.
O papa aceitou, entretanto, a renuncia de cinco prelados chilenos, depois de, em maio, os 34 bispos do país terem apresentado a sua demissão em bloco a Francisco, reconhecendo “graves erros e omissões”.
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