De acordo com um desses estudos, desenvolvidos pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), tendo por base a população sénior do Porto, nas zonas mais desfavorecidas, localizadas nas zonas centro e leste da cidade, os idosos do sexo masculino registaram uma taxa de sobrevivência acima dos 90 anos de 22% enquanto os do sexo feminino de 26%.
Já nas zonas mais favorecidas, localizadas na metade oeste da cidade, 54% dos idosos do sexo masculino e 62% do sexo feminino chegam aos 90 anos, indicou Ana Isabel Ribeiro, investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP responsável pelo projeto.
“Se queremos aumentar a sobrevivência da população idosa e reduzir assimetrias regionais, temos que melhorar a sua situação socioeconómica e priorizar as áreas mais pobres do país”, frisou a responsável.
Para a investigadora, os resultados dos estudos mostram que é cada vez mais é importante criar políticas sociais e de saúde orientadas para a população sénior, “que está mais desprotegida e mais sofre com as questões sociais e económicas”.
Segundo Ana Isabel Ribeiro, que falava à Lusa a propósito do Dia Mundial da Terceira Idade, celebrado hoje, o objetivo destes estudos era verificar a quantidade de idosos com idades compreendidas entre os 75 e os 84 anos que chegavam aos 90 anos, na Europa, em Portugal no Porto, relacionando a taxa de sobrevivência com fatores socioeconómicos, ambientais e o acesso aos serviços de saúde.
De acordo com a investigadora, os resultados a nível nacional seguem a tendência registada a nível local.
As zonas mais favorecidas, no litoral norte e centro, apresentaram taxas de sobrevivência até aos 90 anos de 40% para os homens e de 67% para as mulheres, enquanto nas zonas mais desfavorecidas, no Alentejo e no interior norte, essa taxa situava-se nos 28% para os homens e nos 35% para as mulheres.
Já a nível europeu, a equipa identificou maiores níveis de sobrevivência no norte de Espanha e na França e níveis mais baixos no Reino Unido e em alguns países pouco industrializados, como é o caso dos escandinavos.
De acordo com a investigadora, os fatores socioeconómicos explicam grande parte das desigualdades geográficas verificadas na distribuição da taxa de sobrevivência dessa população, enquanto o ambiente físico e o acesso aos serviços de saúde parecem “não ter uma influência tão decisiva na sua longevidade”.
“Estas desigualdades geográficas explicam-se pelas diferenças na forma como a pobreza e a riqueza se distribuem no país”, indicou Ana Isabel Ribeiro.
Atualmente, a esperança média de vida à nascença em Portugal “ronda os 82 anos”, indicou Ana Isabel Ribeiro, acrescentando que, à medida que esta aumenta, devido à queda da mortalidade precoce, as desigualdades em saúde e na sobrevida começam a manifestar-se mais tarde.
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