“Tivemos de encontrar soluções” porque “a capacidade de internamento estava completamente esgotada e continuávamos a receber cada vez mais doentes”, justificou à agência Lusa a presidente do conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Maria Filomena Mendes.
Segundo a responsável, apesar de existirem dificuldades para se encontrarem “ainda mais espaços” no edifício hospitalar, foi possível abrir a “enfermaria covid 5″, que tem 10 camas, cedidas pelo projeto Aconchegar, das quais quatro já estão ocupadas, no Serviço de Medicina Física e de Reabilitação.
A presidente da unidade hospitalar previu que, nas “próximas duas, três ou quatros semanas”, o HESE ainda vai ter “uma pressão ainda maior”, adiantando que estão a ser preparadas “mais duas enfermarias dentro do hospital, eventualmente com mais 60 camas”.
Esta manhã, o HESE tinha internados “107 doentes” com covid-19 e, desde a semana passada, que ultrapassa sempre os 100, adiantou, observando que este número é “muito dinâmico”, porque ocorrem “muitos falecimentos” e “os números variam ao longo do dia”.
“O agravamento da mortalidade foi, sobretudo, em dezembro e, em particular, agora, em janeiro”, tendo o HESE registado, nas últimas semanas, “cerca de 10 óbitos por dia” e “um acréscimo da mortalidade de 110%, comparativamente com o período homólogo do ano passado”, referiu.
Maria Filomena Mendes notou que “o hospital tem vindo a aumentar a sua capacidade” de internamento para doentes infetados com o novo coronavírus, precisando que em unidades de cuidados intensivos (UCI) existem 13 camas, além de um “quarto” onde são colocados doentes que necessitam com urgência de cuidados intensivos.
De acordo com a responsável, ao todo, o hospital de Évora consegue internar “à volta de 100 doentes” com covid-19, incluindo nas enfermarias, em UCI, na estrutura de apoio cedida pela câmara municipal e até no serviço de urgências.
Além destes lugares, assinalou, também a área de internamento de psiquiatria foi temporariamente transformada em enfermaria covid-19, uma vez que 10 doentes internados ficaram infetados, na sequência de um surto no próprio serviço.
“A nossa capacidade no nível máximo do plano de contingência, incluindo enfermarias e UCI, era de 60 doentes internados em simultâneo”, mas agora “temos internados à volta do dobro das pessoas que era o nosso pior cenário”, frisou.
Questionada pela Lusa sobre um possível aumento de camas em UCI, a presidente do conselho de administração do HESE respondeu que esta valência pode “crescer mais ainda”, mas, para isso, são necessários “recursos humanos, quer médicos, quer de enfermagem”.
“É muito difícil dizer que, apesar de podermos ter espaços, camas, dispositivos e ventiladores, podemos, de um momento para o outro, alargar a nossa capacidade” em UCI, pelo que o hospital está a “tentar encontrar esses recursos” para, à medida das necessidades, instalar novas camas de cuidados intensivos, disse.
A presidente da unidade hospitalar revelou que, na sequência de um apelo do HESE para o reforço de profissionais de saúde, o hospital obteve respostas e está agora a contactar essas pessoas para determinar o modelo de colaboração.
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