Segundo os dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor das rendas poderá aumentar 6,94% em 2024, caso o Governo não estabeleça, como fez este ano, um limite às atualizações, segundo os números da inflação de agosto.

Nos últimos 12 meses, até agosto, a variação média do índice de preços, excluindo a habitação, foi de 6,94%, valor que serve de base ao coeficiente utilizado para a atualização anual das rendas para o próximo ano, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), e que representa mais 6,94 euros por cada 100 euros de renda.

Assim sendo, o Governo já veio afirmar que agora é altura de "avaliar se tomamos medidas ou não. É preciso agora avaliar as várias propostas, as várias possibilidades que temos em cima da mesa. Depois poderemos dizer se avançamos com alguma medida ou não”, afirmou Marina Gonçalves, ministra da Habitação, colocando a possibilidade em cima da mesa de se tomar medidas ou não ao nível do mercado de arrendamento.

“Neste momento, aquilo que tínhamos dito e que continuamos a dizer é que precisamos sobretudo de ir acompanhando o mercado de arrendamento e encontrar soluções mais estruturais e mais conjunturais dentro do mercado de arrendamento. Estamos agora na fase de avaliar para ver qual é o passo seguinte”, sustentou Marina Gonçalves.

Para a Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL), o mínimo que se deve esperar é "contenção", tendo em conta “que as taxas de esforço nas rendas já são superiores a 50%, em termos médios” afirmou António Machado, em declarações à Lusa.

António Machado urge ao Governo uma tomada de medidas para evitar a subida das rendes, considerando que a não tomada de posição é seguir por "um mau caminho", afirmando que: "estamos numa situação de calamidade e emergência que precisa de soluções fortes, musculadas e elas não estão a ser tomadas”, precisou, notando que o aumento dos salários e as pensões não atingiu as “proporções” que a inflação aponta para a atualização das rendas.

“Uma coisa é aumentar 6,94% numa renda de 100 euros e outra coisa é aumentar 6,94% numa renda de 1.000 e o que podia haver aqui é um escalonamento”, referiu.

Mas não são só as rendas que podem subir. A prestação da casa ao banco, segundo a simulação da Deco/Dinheiros&Direitos, vai subir em setembro para os contratos de 150 mil euros indexados à Euribor revistos nesse mês, agravando-se em 238,65 euros a 12 meses.

Assim sendo, um cliente com um empréstimo no valor de 150 mil euros, a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses e com uma margem de lucro do banco (spread) de 1%, irá pagar em setembro 800,11 euros de prestação, mais 72,26 euros do que na última revisão, em março.

No caso de um empréstimo nas mesmas condições (valor e prazo de amortização), mas indexado à Euribor a três meses, a prestação será de 785,19 euros, agravando-se em 36,53 euros face a junho. Nos empréstimos indexados à Euribor a 12 meses irão pagar em setembro uma prestação de 811,94 euros, uma subida de 238,65 euros.

De recordar que as Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.