"O papel do Brasil é de líder do continente, nós devemos ajudar os países que estão com problemas a encontrar um caminho de fortalecimento da soberania nacional e da soberania popular. Temos mecanismos para isto, não precisamos tomar partido, não precisamos de base militar ou declarar guerra a nenhum vizinho", disse numa conferência de imprensa com correspondentes internacionais.
Questionado por jornalistas, o presidenciável brasileiro evitou classificar a Venezuela como uma ditadura e argumentou que mediar conflitos é uma tradição da diplomacia brasileira, não apenas das "forças progressistas" das quais se diz o representante.
"No seu tempo, o Fernando Henrique Cardoso [ex-Presidente do Brasil] criou um grupo de amigos da Venezuela num momento tão dramático quanto o atual. Ele construiu uma saída, evitando um conflito armado dos americanos com os venezuelanos", argumentou.
Haddad também deu o exemplo de um episódio em que o então Presidente dos Estados Unidos George Bush teria tido uma conversa com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possibilidade de iniciar um conflito armando contra a Venezuela.
"Lula disse para o Bush nós não queremos guerra no continente. Nós vamos trabalhar com a Venezuela e vamos restabelecer a ordem democrática naquilo que for preciso reparar, aquilo que for preciso corrigir vamos corrigir", contou.
"Temos que retomar a boa diplomacia brasileira, a diplomacia que não se envolve em conflitos internos, que respeita a autodeterminação dos povos, mas exerce liderança. O Brasil tem liderança e ela deve ser exercida pelo bem do continente", concluiu.
A Venezuela vive uma grave crise política, económica e social que tem levado milhares de cidadãos a abandonar o país e a dirigir-se para outras regiões da América latina, como Brasil, Colômbia, Peru ou Equador.
Segundo informações do Governo brasileiro, desde 2017 entraram no Brasil mais de 154 mil venezuelanos por via terrestre na cidade de Pacaraima, mas 79.402 já regressaram para seu país.
Dos que decidiram permanecer no Brasil, quase 6 mil estão a viver em abrigos construídos na capital do estado brasileiro de Roraima, Boa Vista, e dependem da ajuda humanitária do Governo brasileiro e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
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