“Não se resolve o problema da habitação só aumentando a taxas de esforço porque isso quer dizer simplesmente que o Banco de Portugal deixa que as pessoas fiquem ainda mais com a corda ao pescoço”, afirmou Mariana Mortágua em Torres Novas (Santarém), tendo defendido que o problema só se resolve “quando os bancos forem obrigados a renegociar os créditos à habitação, baixando as taxas de juro que neste momento estão a ser cobradas às pessoas”.
Em declarações aos jornalistas, a líder bloquista reagia às declarações da vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, que disse no sábado, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, questionada sobre as renegociações dos créditos à habitação, que os dados que existem não são preocupantes, sem avançar, no entanto, com números concretos.
“No diálogo com a banca e nos números que temos até agora, ainda não encontramos um número que nos preocupe assim muito quanto a incumprimentos ou dificuldades das famílias em cumprir as suas obrigações”, afirmou Clara Raposo, em declarações que mereceram hoje as críticas da coordenadora do Bloco de Esquerda.
“Os últimos dados dizem que em julho, quando for feito um novo aumento da taxa de juro, há pessoas que podem estar a pagar mais 200, 300 euros pela prestação à casa”, afirmou Mariana Mortágua, tendo feito notar que “há pessoas que tinham uma prestação de 300 euros e que agora passou para 700” euros.
“E eu pergunto: como é possível? Como é possível com um salário médio de 800 ou de mil euros suportar uma taxa a banco de 700 euros?”, questionou.
Para a líder do BE, “os bancos têm de ser obrigados a negociar, têm de ser obrigados a baixar a taxa de juro que é cobrada aos clientes, e quem tem de pagar esses custos não são os contribuintes”, defendeu, tendo apontado para os bancos e para as suas margens de lucro.
“Quem tem de pagar esse custo são os próprios bancos que estão a declarar 10 milhões de euros de lucros por dia e que têm margens financeiras em Portugal dez vezes mais que em qualquer outro país da Europa”, concluiu.
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