O dia dedicado às jovens nas Tecnologias da Informação e Comunicação nasceu em 08 de abril de 2011 devido à resolução 70 da União Internacional de Telecomunicações e da Organização das Nações Unidas, que pretende defender os interesses e oportunidades das jovens mulheres, incentivando-as a escolher uma carreira profissional no setor.

Em Portugal, no ano passado, 59.600 mulheres trabalharam na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC), o que representa 22,7% do setor, de acordo com a organização estatística da Comissão Europeia.

Em 2024, trabalhavam na área 202.500 homens, ou seja, 77,3% eram do sexo masculino, segundo o Eurostat.

Em 2023, o país tinha 46.300 mulheres a trabalhar nas TIC e 183.300 homens, ou seja, 20,2% eram mulheres e 79,8% eram homens, de acordo com a organização.

A diretora executiva do CMU Portugal Academy, um programa de formação no âmbito das tecnologias digitais do Instituto de Tecnologias,Raquel Yam, referiu que “a igualdade passa também pelo acesso à formação em todas as áreas, citada num comunicado.

O programa, fundado em 2024, recebeu mais de 250 candidaturas no primeiro ano e 60% das vagas foram ocupadas por mulheres, segundo a mesma informação.

O membro suplente da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros do Parlamento Europeu e eurodeputado Paulo Nascimento Cabral disse à Lusa que o número de jovens mulheres graduadas nas áreas das TIC tem vindo a aumentar, sublinhando que as mulheres são a maioria nas universidades e têm mais qualificações.

O deputado alertou que a disparidade salarial é também significativa no setor, destacando que as mulheres nas TIC ganham quase 20% menos do que os homens.

Segundo o website Meusalário.pt, o intervalo salarial máximo e mínimo de grande parte dos trabalhadores técnicos das tecnologias da informação e comunicação é de 1.141 euros e 3.360 euros por mês.

Paulo Nascimento Cabral apontou que há um caminho a percorrer, "que passa por identificar e eliminar as barreiras sistémicas e invisíveis" que continuam a contribuir para a desigualdade salarial, destacando que a União Europeia só pode atingir todo o seu potencial e prosperar se envolver toda a sociedade, homens e mulheres.

"Esta tem de ser uma prioridade e mesmo em tempos de instabilidade económica, é fundamental reforçar esta participação, desde logo, porque é um imperativo civilizacional, mas também económico", disse o eurodeputado.

A coordenadora de projetos na Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão(APDI), Mónica Canário, disse à Lusa que os dados mostram uma maior visibilidade de mulheres na tecnologia.

A responsável indicou que as mudanças culturais dentro das próprias empresas e em simultâneo "o esforço contínuo" de vários setores como o público, o privado e o educativo mostram resultados positivos na promoção da igualdade de género "numa área crítica para o futuro do país".

Mónica Canário referiu que é necessário combater estereótipos de género, garantir a igualdade de oportunidades e "criar ambientes de trabalho verdadeiramente inclusivos".
A coordenadora da APDI disse que "este é um momento de celebração, mas também de responsabilidade e que é preciso garantir que o avanço continue e transforme as TIC num setor tecnológico mais equitativo e representativo para todas as pessoas".

O país com mais mulheres a trabalhar nas TIC é a Alemanha com 436.200 mulheres, a seguir está a França com 269.900 mulheres e em terceiro lugar está Espanha com 200.100 mulheres, segundo o Eurostat.