“O desarmamento nuclear sempre foi uma prioridade das Nações Unidas”, mas “75 anos após a criação (da organização), o mundo continua a viver sob a ameaça de uma catástrofe nuclear”, declarou o representante no arranque de uma reunião de alto nível realizada para assinalar e promover o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares (02 de outubro).
Por ocasião deste Dia Internacional, a temática está hoje no centro do debate nas Nações Unidas, mas sem grandes expectativas de eventuais progressos neste delicado dossiê, uma vez que o diálogo entre os Estados Unidos e a Rússia, países que detêm 90% das armas nucleares mundiais, parece estar estagnado.
“Infelizmente, os progressos no sentido da eliminação total das armas nucleares estagnaram e correm o risco de estarem comprometidos”, prosseguiu António Guterres.
“A crescente desconfiança e as tensões entre os Estados dotados com armas nucleares aumentaram os riscos nucleares”, advertiu o secretário-geral da ONU, frisando ainda: “Os programas de modernização de arsenais nucleares representam a ameaça de uma corrida qualitativa ao armamento nuclear”.
A erosão da arquitetura de controlo de armas nucleares, num cenário global de crescentes tensões internacionais, é outro aspeto que não dá motivos para otimismos em relação a esta temática.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, na sigla em inglês), assinado em 1987 entre Washington e Moscovo, pelos então líderes Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov, respetivamente, foi dado como “formalmente morto” em 2019.
A par de impor a redução de mísseis de alcance intermédio disparados a partir do solo, o tratado também incluía o compromisso de não se fabricarem novas versões deste tipo de armamento, embora permitisse a sua investigação.
Ao abrigo deste acordo, os dois países destruíram cerca de 2.700 mísseis.
Desde então, o tratado New START (Tratado Estratégico para a Redução de Armas), concluído em 2010 e que expira em 2021, é considerado o último acordo nuclear ainda em vigor entre os Estados Unidos e a Rússia.
O eventual prolongamento deste acordo, que mantém os arsenais dos dois países abaixo dos níveis registados na época da Guerra Fria e é o único tratado que ainda regula a corrida ao armamento entre as duas superpotências militares, é um cenário incerto.
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