Paulo do Carmo, presidente da direção desde março, reage acusando os “poderes instituídos” da associação de se “sentirem ameaçados” por uma auditoria solicitada “aos últimos quatro anos”, quando a Quercus era liderada por João Branco, um dos autores da queixa.
Na queixa, os dirigentes pedem uma avaliação ao “comportamento” do atual presidente da Quercus, Paulo do Carmo, que “se opôs à divulgação de um comunicado” a desmentir o apoio da associação a uma urbanização na Quinta de Braamcamp, no Barreiro, distrito de Setúbal, veiculada pelo PS local num “comunicado oficial”.
Nos documentos dirigidos no dia 19 ao Conselho Fiscal e à Comissão Arbitral, os cinco dirigentes dizem existir “fortes indícios de um favor partidário de Paulo do Carmo ao PS Barreiro”.
A queixa é subscrita pelo ex-presidente da Quercus João Branco, a atual vice-presidente, Paula Silva, Aline Guerreiro, Diogo Lisboa e Ricardo Nabais, para quem a atitude de Paulo do Carmo vai “contra os estatutos e a ética”, colocando “em causa o princípio democrático da associação”.
A direção da Quercus é formada por nove elementos, incluindo o presidente Paulo do Carmo.
Contactado pela Lusa, João Branco, que presidiu à Quercus até às eleições de março e se mantém na direção da Quercus como tesoureiro, admitiu existir “descontentamento de membros da direção” com o atual líder.
João Branco afirmou que “o papel da associação não é promover ou apoiar empreendimentos imobiliários”.
“Se realmente o presidente da Quercus não apoiou a urbanização, não se percebe por que motivo se opõe a um comunicado que desmente esse apoio”, vincou.
Também contactada pela Lusa, Aline Guerreiro descreveu que Paulo do Carmo se “opôs” à divulgação do comunicado, “aprovada por maioria”.
“A votação eletrónica [por email] decorreu nos dias 17 e 18 de novembro, tendo havido um resultado de cinco votos a favor da divulgação do comunicado e quatro contra. O presidente opõe-se à divulgação e ameaça elementos da direção caso o comunicado seja divulgado”, relata a queixa.
Para o visado, “tudo isto resulta de uma auditoria que alguns dirigentes querem impedir que se conclua”.
Numa resposta escrita enviada à Lusa, Paulo do Carmo diz que a queixa “não tem qualquer fundamento ou sustentação”, garantindo que “nunca” falou “com o PS do Barreiro sobre este assunto”.
O presidente da associação disse que a Quercus “apenas emitiu um documento elaborado por técnicos competentes (biólogos), isentos e idóneos, que fizeram o levantamento dos valores biológicos e naturais da área”.
Esse documento, prossegue, “nada refere sobre projetos turísticos ou imobiliários previstos para o local, sobre os quais a Quercus não tem nenhum tipo de conhecimento formal”.
“O parecer é sobre a fauna e flora da Quinta de Braamcamp, em lado nenhum o parecer versa sobre número de fogos, volumetria, ocupação impermeabilização, etc.”, afirma.
Paulo do Carmo justifica a oposição à divulgação do comunicado considerando que “não faz sentido tomar posição sobre um projeto urbanístico que não é de conhecimento público”.
Acresce que, “depois dessa proposta de comunicado, o documento em questão não foi discutido em reunião de direção nacional”.
“Cabe-me zelar pelo cumprimento das regras internas da Quercus, assim como pela imagem e credibilidade da Associação”, declarou.
Para Paulo do Carmo, as acusações dos dirigentes surgem por se se estarem “a sentir ameaçados” e quererem “evitar a auditoria que está a decorrer” às atividades da anterior direção.
A averiguação é “essencial à transparência e ao esclarecimento de várias questões”, nomeadamente a alegada tentativa de venda de terrenos da associação no Tejo Internacional.
De acordo com Paulo do Carmo, os “poderes instituídos” da Quercus pretendem “vender os terrenos do Tejo Internacional, isso sim um crime ambiental”.
Confrontado pela Lusa com estas acusações, o ex-presidente da Quercus João Branco afirma ser “tudo mentira”.
O anterior responsável da associação frisou ainda que “a auditoria existe”, teve o seu voto favorável e “foi aprovada sem votos contra”.
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