A partir de Fânzeres, em Gondomar, é possível iniciar a viagem de metro rumo ao Porto, mas quem usufrui diariamente desse transporte, hoje, por força da paralisação dos condutores de metro, teve de procurar alternativas, e quanto mais cedo melhor.
De carro, de autocarro ou de comboio, os clientes tiveram de se desenvencilhar para cumprir horários, acabando esta greve por alterar também a paisagem em dia de trabalho, por exemplo, em Rio Tinto.
A estação da Levada é a última estação do percurso do metro no concelho de Gondomar e fica muito próxima da estrada da Circunvalação, que define a fronteira com o Porto, sendo uma das mais procuradas diariamente para quem precisa, manhã cedo, de se deslocar para à cidade Invicta.
A estação da Levada e o parque de estacionamento construído em anexo encontravam-se vazios esta manhã. Ao mesmo tempo, no ecrã da estação, sem cessar, corria a mensagem da empresa Metro do Porto dando conta da paralisação.
A alternativa foi, para muitos, subir a pé até à estrada da Circunvalação para apanhar um dos muitos autocarros com diferentes destinos que cumprem aquele trajeto. Na paragem da linha 400, rumo à avenida dos Aliados, Manuel Monteiro explicou à agência Lusa o que mudou no seu dia com a greve.
"O que mudou? Vou gastar 45 minutos a fazer um trajeto que me leva normalmente 15", explicou o funcionário da Câmara do Porto que, às 07:47, tinha "muito poucas esperanças de conseguir entrar às 8:30" no seu emprego no Gabinete do Munícipe.
Questionado sobre se conhecia as motivações da greve, Manuel Monteiro respondeu afirmativamente, tal como mostrou simpatia pelas "reivindicações dos condutores", numa conversa depressa interrompida pela chegada do seu transporte, que terminou com a afirmação: "Só não percebo porque não houve serviços mínimos".
Esta greve de 24 horas dos condutores do metro, que reclamam redução da carga laboral, alteração na categoria profissional e mais contratações, é a primeira de três dias de paralisação, que deverá repetir-se nos dias 17 e 31 deste mês.
Na mesma paragem em Gondomar, Daniela Cardoso foi mais uma a ter de trocar o metro na Levada pelo autocarro na Circunvalação, mas aqui sem "grande transtorno" para o seu quotidiano.
"Apanhando o autocarro a esta hora [7:55] a diferença [para o tempo que o metro precisa para cobrir a distância] são cinco ou 10 minutos. Não me atraso por causa disso", referiu a jovem que trabalha na praça da Batalha, no Porto, onde tinha de estar uma hora depois.
A residir perto daquela estação e, por isso, obrigada a acordar mais cedo 20 minutos para fazer o trajeto a pé até ao autocarro, Daniela Cardoso apercebeu-se, por isso, da alteração na paisagem, testemunhando que em dias normais "o parque junto ao metro fica muito cedo cheio de carros, mas hoje estava vazio".
Sobre esta paralisação, a primeira em 16 anos de existência da Metro do Porto que para a operação, a residente em Rio Tinto disse ter sabido com "vários dias de antecedência" e que, devido a isso, pode "programar a vida".
Quem vive em Rio Tinto dispõe também do comboio e Maria João Silva, de Fânzeres, foi apanhada por uma greve num dia em que precisava do metro.
"Não sou uma utilizadora diária do metro, mas hoje dava-me jeito, pois tenho de apanhar o comboio para Braga", descreveu à Lusa, acrescentando que teve de "acordar mais cedo, apanhar dois autocarros, o que implicou comprar uma senha C9 para estar na estação a tempo de seguir para Campanhã", de onde seguiria mais tarde para o Minho.
A rede da Metro do Porto conta com seis linhas, servindo sete concelhos da Área Metropolitana do Porto, que estão encerradas desde a meia-noite e até às 06:00 de terca-feira devido a esta greve.
A Metro do Porto refere que 9.000 pessoas podem ser transportadas por hora em cada linha.
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