“Para já, conta com cerca de 90% de adesão à greve”, declarou o dirigente sindical Nuno Coelho esta manhã, durante o protesto em frente à porta da Câmara do Porto onde encabeçou a manifestação de algumas dezenas de trabalhadores das cantinas que participaram na iniciativa com cartazes e faixas onde se podia ler “Trabalhadores das Cantinas Escolares Eurest em greve contra a precariedade e na defesa dos Direitos“, “Temos filhos, precisamos de emprego”, “Exigimos aumentos de salários”, ou “Exigimos respeito pelos direitos”.
Segundo Francisco Figueiredo, outro dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria do Norte, “a esmagadora maioria das cantinas das escolas do Porto concessionadas pela Câmara do Porto à Eurest, “não está a funcionar” e das “45 cantinas [concessionadas àquela empresa], 37 não vão ter hoje comida para os alunos”.
Os trabalhadores pedem uma resolução urgente para os contratos “com termo indeterminado” que lhes está a ser apresentado e que permite que possam ser “despedidos em qualquer momento”.
Em causa, segundo explicaram Nuno Coelho e Francisco Figueiredo durante os protestos, está o facto de a empresa estar a recorrer a empresas de trabalho temporário, contratando os trabalhadores apenas por três meses.
Durante a manifestação, alguns elementos do sindicato entregaram uma moção à Câmara Municipal do Porto (CMP), com um pedido de reunião entre a autarquia e a Eurest para resolver o problema.
“São trabalhadores que trabalham nas cantinas escolas há mais de 20 anos, e este ano estão a ver-se na situação de contrato com tempo indeterminado e que em que “podem ser despedidos em qualquer momento”, explicou Nuno Coelho, acrescentando que a moção reivindica que exista “um vínculo de trabalho efetivo”.
O responsável aponta para “um universo de 200 trabalhadores” o qual 90% “eram contratados no início do ano letivo e despedidos no final do mesmo”.
“Mas eram contratados pela empresa que ganhou a concessão das cantinas escolas, que é a Eurest. Este ano, a Eurest está a pegar nestes trabalhadores com quem já tinha feito contrato de trabalho no ano passado, e está a empurrá-los para uma empresa de trabalho temporário”, alertou.
Assim, disse, a empresa “precariza ainda mais o vínculo laboral destes trabalhadores e coloca-os numa maior incerteza, porque os contratos que lhes estão a ser apresentados são contratos com tempo indeterminado”.
“Podem ser despedidos em qualquer momento e a gente não pode aceitar isto”, concluiu Nuno Coelho.
Francisco Figueiredo denunciou que a Eurest "não cumpre o caderno de encargos" e que a Câmara "não fiscaliza e não obriga a empresa a empresa a cumprir o caderno de encargos", designadamente o que toca ao número de trabalhadores por cantina, à falta de condições nas cantinas, em que "faltam batas, toucas e calçado aos trabalhadores e outros equipamentos nas escolas".
"A Câmara Municipal do Porto não obriga a Eurest a repor equipamentos”, declarou durante a manifestação, reivindicando para que o “caderno de encargos seja respeitado”.
Contactada pela Lusa, a Eurest adiantou que, “tendo em conta a redução brutal que se verificou no mercado da restauração coletiva, que há escolas que não chegaram nem sequer a abrir outras escolas que estão a 50%, nesta fase a prioridade foi colocar nessas mesmas unidades as pessoas que fazem parte do quadro de trabalhadores efetivos da Eurest”, em detrimento de pessoas que tinham contratos a termo certo”.
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