“Em nenhum momento os investidores se comprometeram com verbas e prazos. É óbvio que querem ver resultados. E com o que é que nos podemos comprometer? Com a redução da desflorestação. A ideia é que ao longo do mandato, com operações repressivas, consigamos gradualmente reduzir as ilegalidades, para chegarmos a um número de desflorestação aceitável”, disse o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, em conferência de imprensa, após o encontro virtual, em que participou, ao lado de vários ministros.
Logo após a videoconferência com investidores, quer Mourão, quer os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Agricultura, Tereza Cristina, prestaram declarações aos jornalistas sobre o conteúdo da reunião.
“Como diz Tereza Cristina, para produzir, não precisamos de abater uma árvore a mais. (…) Aguardamos agora o bom visto deles, que está ligado aos nossos resultados. Assim que apresentemos dados concretos de desflorestação, os recursos serão ativados. Não há prazo”, informou Mourão, que lidera o Conselho Nacional da Amazónia Legal, órgão que coordena diversas ações direcionadas à preservação daquela floresta.
De acordo com o vice-presidente, se no segundo semestre deste ano o Brasil alcançar uma diminuição das queimadas, irá apresentar esses resultados aos grupos de investimento, numa cobrança por verbas: “estamos a fazer a nossa parte. Vocês vão cumprir a vossa?”, disse o general Hamilton Mourão.
Segundo a vice-presidência, a videoconferência contou com a participação de representantes dos fundos de investimentos ‘Legal and General Investment Management’, do Reino Unido; ‘Nordea Asset Management’, ‘SEB Investment Management’ e ‘AP2 Second Swedish National Pension Fund’, todos da Suécia.
Participaram ainda a ‘Storebrand Asset Management’ e ‘KLP’, ambos da Noruega; ‘Robeco’, da Holanda e a ‘Sumitomo Mitsui Trust Asset Management’, do Japão.
O Governo brasileiro tenta agora melhorar a sua imagem no exterior em relação à proteção da Amazónia e de povos indígenas, diante de críticas e alertas que tem recebido de investidores que estão preocupados com temas como o aumento da desflorestação e os incêndios na região.
Contudo, Mourão avaliou que parte das críticas que o executivo recebe deve-se a disputas geopolíticas.
“Em relação à imagem do Brasil no exterior, temos de ter em atenção disputas geopolíticas que vigoram. O Brasil tem terra fértil para avançar e crescer. Não há dúvidas que seremos, em breve, a maior potencia agrícola do mundo. Quem se sentir incomodado, irá impedir que essa produção evolua. Vamos sofrer pressões, e uma dessas será de que o Brasil está a destruir a Amazónia para produzir alimentos, o que é mentira. A floresta está lá, de pé”, afirmou o vice-Presidente.
Face a melhorar a visão estrangeira do país sul-americano, o executivo tem pronto um decreto para suspender queimadas legais na Amazónia e no Pantanal, segundo o ministro Ricardo Salles.
“No ano passado, o Presidente Jair Bolsonaro editou um decreto suspendendo queimadas por 60 dias. Agora, estamos com um texto pronto para suspender por 120 dias na Amazónia e Pantanal”, disse Salles, que teve o seu afastamento solicitado esta semana pelo Ministério Público, por alegada “desestruturação dolosa das estruturas de proteção ambiental”.
Mourão considerou ainda “injustas” todas as críticas e acusações que Ricardo Salles tem sido alvo.
O Brasil encerrou o mês de junho com o maior número de focos de queimadas na Amazónia dos últimos 13 anos.
Organizações ambientais têm denunciado o aumento de incêndios florestais durante a estação seca na Amazónia brasileira, que geralmente dura até setembro, após altas taxas de desflorestação atingirem a região no ano passado.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
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