“Pedimos aos talibãs para trabalharem com o Governo afegão para resolver adequadamente os problemas”, disse Ghani, durante uma conferência internacional em Tachkent, no Uzbequistão, revelando a disponibilidade do regime de Cabul para se encontrar presencialmente com os insurgentes e prometendo “tomar todas as medidas” para facilitar um acordo entre as partes.
Perante o agravamento da situação no Afeganistão, a Rússia considerou que a saída das tropas norte-americanas daquele país — que deverá ficar concluída até 11 de setembro — foi “precipitada”.
“Nas atuais circunstâncias, existe o risco real de a instabilidade se espalhar para os estados vizinhos”, disse o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, na mesma conferência na capital uzbeque.
A violência por parte dos talibãs, após o início da retirada das tropas dos EUA, tem atingido níveis sem precedentes no Afeganistão, enquanto as forças de segurança governamentais tentam retomar o controlo de vários postos de fronteira capturados pelos insurgentes.
As forças afegãs confirmaram hoje confrontos armados em pelo menos 15 das 34 províncias do país, principalmente na região norte, onde os talibãs passaram a controlar grandes áreas do território.
Ainda assim, os talibãs mostraram abertura para explorar um acordo para um cessar-fogo de três meses, em troca da libertação dos seus 7.000 prisioneiros e se o seu movimento for removido da lista de sanções das Nações Unidas.
Vários países da região, incluindo o Paquistão e o Uzbequistão, têm revelado preocupação com o aumento do fluxo de refugiados que fogem do conflito no Afeganistão em busca de proteção.
“Já existem três milhões de refugiados do Afeganistão no Paquistão e provavelmente haverá um fluxo ainda maior”, disse o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, explicando porque o seu país está tão interessado numa situação de paz na região.
Também o Presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, líder de um dos países que fazem fronteira com o Afeganistão, expressou a sua esperança em que os afegãos se mostrem empenhados em alcançar paz e harmonia.
“O Afeganistão está a experimentar um ponto sem retorno na sua história moderna. Confiamos que os sábios afegãos irão mostrar a sua disponibilidade para fazer concessões e chegar a um acordo nacional”, acrescentou Mirziyoyev.
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