
“Se essa ordem for alterada, todas as considerações que pudermos fazer sobre a zona económica exclusiva, sobre a plataforma continental ou outras [jurisdições] que derivem do direito e relações internacionais podem estar em causa”, disse.
“Pode haver novas formas de pensar, dizer que não é justo que um país pequeno tenha tanto território marítimo, que deve ser dividido pelo número de população ou [seguir] outra lógica qualquer”, disse numa intervenção remota, a partir de Lisboa, na Cimeira de Liderança, realizada no auditório do Parque Tecnológico da Praia.
Portugal e Cabo Verde devem “olhar com muito cuidado” para as alianças que estabelecem: “não estou só a falar de alianças militares, [mas também] políticas, culturais, comerciais, tudo isto está em jogo”, referiu.
“Vamos todos viver momentos – e não estou só a falar de Cabo Verde - em que só a inteligência, bom senso, muita diplomacia e cultura nos poderão servir, face a uma ordem mundial que se está a construir com base no poder”, acrescentou.
“Vemos uma tentativa de uma potência violar as fronteiras de outra e, dessa forma, conseguir reescrever a geografia e a história” - numa alusão à invasão russa da Ucrânia -, com a “benevolência” da administração norte-americana, que também expressa ambições territoriais relativamente à Gronelândia.
A aceitação por parte dos Estados Unidos “de novas fronteiras no leste da Ucrânia poderá ser o prenúncio de uma nova ordem mundial baseada no poder”, justificou.
Durante a intervenção, Gouveia e Melo defendeu ainda uma estratégia que junte Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe para promover a economia azul atlântica.
“Acho que nós, portugueses, cabo-verdianos e são-tomenses, devíamos fazer um acordo muito especial (..) a que eu chamo a maraconésia que fala português”, apontou.
“Este conjunto de territórios, se unidos através de uma estratégia de desenvolvimento - e intermediação do que é esta nova economia azul, transacional, à volta do Atlântico, com uma África que vai crescer para o dobro da sua população -, pode ser uma saída muito relevante para o nosso posicionamento, seja político ou económico”, considerou.
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