“A grande ameaça ao setor bancário surge não das ‘startups’ fintech — onde o caminho tem sido, acima de tudo, de cooperação — mas dos operadores das grandes plataformas digitais, os designados GAFA (Google, Amazon, Facebook, Apple), todos eles entidades não europeias”, disse.
O responsável falava na abertura da conferência “Supervisão comportamental bancária — Novos desafios dez anos depois da crise financeira”, promovida pelo Banco de Portugal, que decorre hoje em Lisboa.
“Estas entidades possuem muita informação sobre os clientes, o que lhes permite oferecer e produtos ‘tailormade’ [feitos à medida], de uma forma que, no limite, exclui os restantes operadores, incluindo os prestadores de serviços financeiros incumbente”, avisou.
Faria de Oliveira abordou, por isso, a importância de todos os operadores obedecerem a um quadro legal e regulatório, designadamente em termos de proteção do consumidor.
“Os benefícios da digitalização só podem, pois, ser maximizados ao mesmo tempo que a estabilidade financeira e a integridade do sistema é mantida”, disse.
Assim, para o presidente da APB, há novos e importantes desafios tanto para as instituições como legisladores, reguladores e supervisores, “nomeadamente os que derivam da transformação digital em curso e do crescimento do sistema financeiro não igualmente regulado”, sendo exemplo disso o ‘crowdfunding’ ou a criptomoeda.
“A inovação tecnológica está a facilitar o aparecimento de novos atores no mercado de serviços financeiros e as instituições financeiras incumbentes, quer por via das novas necessidades dos clientes e das oportunidades que a tecnologia oferece, quer pela pressão concorrencial dos novos ‘players’ estão a mudar e a adaptar os seus modelos de negoóio”, disse.
Estas mudanças contribuem, de acordo com Faria de Oliveira, para aumentar a eficiência do setor, mas, ao mesmo tempo, provocam uma alteração profunda da natureza dos riscos a que o sistema financeiro está sujeito.
A rápida disseminação do fenómeno ‘fintech’ e dos novos riscos obriga, por isso, a mudanças no modelo de regulação.
“O setor bancário, ele próprio uma fintech, está na linha da frente dessa inovação, que acolhe com grande entusiasmo e interesse”.
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