Em comunicado, o Comando Territorial de Évora da GNR divulgou que o caso foi detetado na terça-feira, na sequência de um acidente de viação, envolvendo o atropelamento de uma ovelha.
Chamados ao local, militares do Posto da GNR de Portel, no distrito de Évora, identificaram o condutor do veículo automóvel envolvido no acidente e o pastor responsável pelo rebanho de ovelhas.
No âmbito do processo, segundo a GNR, os militares constataram que o pastor, de 64 anos, estava “a trabalhar numa exploração agrícola” naquele concelho alentejano, que “não era detentor de documento de identificação” e que estava, “alegadamente, retido pelo patrão”.
Depois de procederem a diversas diligências, com vista a esclarecer a situação, a GNR averiguou que “o indivíduo era vítima de exploração laboral” e residia “numa casa cedida pela entidade patronal” e “sem as mínimas condições de habitabilidade”.
“A vítima ainda informou que não auferia qualquer vencimento, sendo-lhe apenas disponibilizada, esporadicamente, alimentação enlatada e vinho”, pode ler-se no comunicado.
O proprietário da exploração agrícola, de nacionalidade portuguesa, mas cuja idade não foi divulgada pela GNR, foi identificado pelos militares da guarda por tráfico de pessoas, tendo o caso sido remetido para o Ministério Público.
Contactado pela agência Lusa, o capitão Bruno Ribeiro, do gabinete de imprensa do Comando-Geral da GNR, elogiou o trabalho dos militares mobilizados para o acidente de viação.
“Tratou-se de um atropelamento animal, como acontecem muitos no Alentejo, mas a história não batia certo” e os militares “notaram que o homem estava debilitado e maltratado em termos de aspeto”.
Por isso, continuou, decidiram “ir mais além, no sentido de perceberem quem era aquele indivíduo”, e conseguiram “detetar o caso de exploração e retirar a vítima” da herdade.
Segundo a mesma fonte, o pastor foi transportado para o Posto de Portel, onde os militares lhe forneceram uma refeição, e, posteriormente, foi encaminhado “para uma instituição, fora do Alentejo, que apoia vítimas de exploração e tráfico de pessoas”.
“O homem já está a ser tratado e acompanhado por especialistas da instituição, que reabilita pessoas que foram vítimas deste tipo de exploração”, acrescentou.
Comentários