O líder da igreja católica reconheceu os esforços feitos em pacificar o país, mas notou que a paz passa por olhar para a nossa “casa comum”.
“Moçambique é uma nação abençoada e vós especialmente sois convidados a cuidar desta bênção”, referiu para a plateia, composta por membros do Governo, titulares de órgãos de soberania, corpo diplomático e outras figuras políticas.
O Papa apelou “à defesa da terra e defesa da vida que reclama atenção especial quando há tendência para a pilhagem, espoliação, guiada por uma ânsia de acumular”, disse, sem detalhar.
Uma ânsia que, acrescentou, “em geral não é cultivada por pessoas que habitam nestas terras, nem pelo bem comum do vosso povo”.
Francisco defendeu um desenvolvimento “produtivo e inclusivo, em que cada moçambicano possa sentir” que o país é seu, em que prevaleçam boas relações com o mundo em redor.
A utilização dos recursos naturais de Moçambique a favor de toda a população, por um lado, e o combate à corrupção e desigualdades, por outro, são temas que têm motivado debate aceso pela sociedade moçambicana nos últimos anos.
Por outro lado, as pilhagens de ataques protagonizados por grupos armados com indícios de radicalização islâmica, no Norte do país, uma das menos desenvolvidas, têm estado também na ordem do dia – e o presidente moçambicano fez-lhes referência direta no discurso que antecedeu o do Papa.
“A paz efetiva tem vindo a ser ameaçada na província nortenha de Cabo Delgado, onde malfeitores ainda sem rosto semeiam atos de terror, matam e pilham populações indefesas”, frisou.
Filipe Nyusi disse ter fé em que “o povo moçambicano, pacífico e resiliente, se livrará desta provação”, que desde há três anos já terá provocado mais de 200 mortos, sobretudo em aldeias remotas de Cabo Delgado, mas com ataques também nas principais estradas e imediações dos projetos em implantação para extração de gás natural.
Moçambique deverá tornar-se na próxima década num dos 10 principais fornecedores de gás natural liquefeito do mundo, criando riqueza que deverá catapultar o crescimento económico do país e com capacidade para reduzir bastante a pobreza – que ainda afeta cerca de metade dos 28 milhões de habitantes.
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