Francisca foi vítima de violência doméstica. Foi, não. É. Há muitos anos. "Nunca deixo de ser vítima", disse à margem de uma sessão de apresentação de uma campanha de media da MEO, que irá para o ar no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, campanha essa em que a operadora de telecomunicações associa-se à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), através da promoção de uma ação contra a violência doméstica.
Francisca tem sido vítima de violência doméstica desde o ano de 2012, ano em que engravidou. "Tem sido uma luta", assumiu. O país irá, agora, conhecer o "grito de revolta"de alguém que "não tem medo" e sabe que corre "riscos todos os dias".
De vítima, virou "ativista". Quer que o testemunho que dá sirva de exemplo para que "todas as mulheres possam dar a cara" e para que elas mesmo se tornem “"ativistas". E que "não fiquem à espera", frisou, recuperando o slogan da campanha MEO #NãoFiqueàEspera.
"Os números são enormes", referindo-se em especial às 12 mortes desde o início do ano, não esquecendo toda a estatística que está para trás. Às "milhares de mulheres com medo" dá um conselho: "façam queixa. Devem denunciar a situação!", alertou.
Assistimos a um "massacre no país e há que tomar medidas imediatas contra este flagelo", atirou. Urge "ter a coragem para medidas legais, mudar mentalidades, porque se não mudar, nada muda". À classe política pede ainda que "apoie mais medidas", um recado que se estende a quem "legisla". Porque, para Francisca, "os agressores não mudam e continuam a ser agressores".
Ângela é outra das personagens principais deste filme de sensibilização produzido pela agência Partners. Juntamente com Francisca, as duas mulheres relatam as suas histórias.
São histórias na primeira pessoa de alguém vítima do "medo, isolamento, da dependência económica" e que se viu "reduzida a nada", passando, a partir de então, a estar "morta estando viva". A partir desse momento, algo mudou. "Pedi ajuda". Por isso, quer "deixar" o testemunho sendo "uma entre muitas mulheres que decidiu não esperar mais e reaprender a viver", fazendo desta "luta a causa e o propósito da minha vida", pode escutar-se no waiting ring com a voz de Ângela.
Gratuito, por cada um que seja descarregado, a MEO doará €1 à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Ou seja, no 'waiting ring' [momento em que se aguarda que a chamada seja atendida], em vez de música, as pessoas vão ouvir o testemunho de Francisca, apelando a que deixem de esperar e se desliguem de vez da violência.
MEO uma marca de causa que quer fazer um papel mais reservado às fundações
As 12 pessoas mortes fruto de violência domestica registadas este ano, números a que acrescem as 51 vítimas nos últimos dois anos, além de números "preocupantes", são "chocantes" para "não se fazer nada", pelo que a Altice "não pode nem deve ficar indiferente", aludiu Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal na apresentação da campanha que decorreu no showroom da empresa, na avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa.
Recuperando que a Fundação Altice já "apoiava quem mais necessitava", o desafio agora colocado passa por "transformar a marca comercial MEO em marca de causas", frisou aos jornalistas, referindo que o mês de março será dedicado ao combate à violência doméstica.
Admitindo que as "fundações tem na sua génese esse apoio", esse mesmo papel pode ser desempenhado por uma "marca comercial" que combate de "forma clara esse flagelo", reforçou. "Queremos dar o exemplo e abraçar causas como estas", concluiu.
Para João Lázaro, presidente da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) a parceria estabelecida dará resposta à necessidade de "reforçar e renovar a mensagem conta violência", provoca um "aumento da intolerância" e ajuda à "sustentabilidade das organizações da sociedade civil", finalizou.
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