“As forças ucranianas avançam. Apesar de tudo e não importa o que digam, estamos avançar e isso é o mais importante. Estamos em movimento”, declarou Zelensky numa mensagem divulgada no Telegram.
Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, argumentou que criticar o ritmo da contraofensiva “é igual a cuspir no rosto” dos militares que estão na linha da frente do conflito e recomendou aos críticos “que se calem”.
“Criticar o ritmo lento da contraofensiva é igual a cuspir no rosto dos soldados que, todos os dias, sacrificam as suas vidas para reconquistar um metro quadrado de território”, considerou Kuleba, à saída de uma reunião informal com os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), na cidade espanhola de Toledo.
Kuleba deixou uma recomendação aos analistas que todos os dias avaliam e comentam os progressos na contraofensiva iniciada há pouco mais de dois meses: “Recomendo a todos os críticos que se calem, venham até à Ucrânia e tentem libertar um metro quadrado de território”.
Estas palavras foram secundadas pelo representante permanente da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, que, em entrevista à Lusa divulgada na sexta-feira, sugeriu que não se analise o campo de batalha “como um jogo de computador ou um filme de Hollywood”, quando se trata de uma “guerra muito sangrenta numa escala sem precedentes”.
“Sejam realistas, sejam pacientes e até ousaria dizer, sejam gratos”, apelou Kyslytsya.
Antes dos pronunciamentos dos diplomatas ucranianos, notícias divulgadas nos Estados Unidos deram conta de críticas de analistas norte-americanos não identificados sobre a velocidade e estratégia das forças de Kiev, face às fortes linhas de defesa russas.
Na sexta-feira, e num aparente esforço para arrefecer a controvérsia, a Casa Branca afirmou que os Estados Unidos “constataram nas últimas 72 horas avanços notáveis das forças armadas ucranianas” na frente sul.
Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby “criticar um [país] parceiro e um amigo que está a tentar progredir em condições sangrentas, terríveis e violentas realmente não ajuda”.
“Mesmo ignorando as últimas 72 horas, nenhum observador objetivo desta contraofensiva poderia dizer que não houve progresso. Tem sido lento em algumas áreas (…) mas eles estão a lutar corajosamente todos os dias”, acrescentou Kirby, acrescentando que ele próprio teria o cuidado de não comentar a estratégia ucraniana “do sofá”.
Os Estados Unidos são o principal fornecedor de assistência militar à Ucrânia.
No último dia, as tropas ucranianas voltaram a reclamar avanços no terreno, relatando a ocorrência de 45 combates e ataques a locais que abrigavam forças inimigas, depósitos de armas e munições, sistemas de artilharia e uma estação de radar, segundo a última atualização das forças de Kiev citadas pela agência Ukrinform.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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