Na eleição realizada hoje, na Assembleia da República, Negrão conseguiu 35 votos favoráveis, 32 brancos e 21 nulos, tendo votado 88 dos 89 parlamentares sociais-democratas.
Fernando Mimoso Negrão, 62 anos, nasceu em Angola em 29 de novembro de 1955, é deputado desde 2002 e licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
No início desta legislatura, foi o candidato de PSD e CDS-PP à presidência da Assembleia da República, mas foi derrotado por Ferro Rodrigues, conseguindo 108 votos contra 120 do socialista.
Atualmente, presidia à Comissão eventual da Transparência e, na anterior legislatura, destacou-se na presidência da Comissão de Inquérito ao Banco Espírito Santo.
O anterior líder parlamentar, Hugo Soares, foi eleito em 19 de julho do ano passado com 85,4% de votos, correspondentes a 76 votos favoráveis, 12 votos brancos e um nulo.
Antes dele, Luís Montenegro exerceu funções de líder parlamentar do PSD desde junho de 2011, quando foi eleito com 86% dos votos, tendo sido sucessivamente reeleito em outubro de 2013, com 87% dos votos, e em novembro de 2015 com quase 98% dos votos, sempre sem oposição.
O anterior líder parlamentar Miguel Macedo tinha sido eleito em 2010 com 87,5% dos votos e Aguiar-Branco, em 2009, com mais de 96% dos votos.
Antes de Aguiar-Branco, a votação para a liderança da bancada parlamentar do PSD permitia votos contra, o que deixou de acontecer e atualmente a discordância em relação aos nomes propostos só pode ser expressa através de votos brancos, nulos ou da abstenção.
Nesse outro método, Paulo Rangel tinha sido eleito em 2008, com cerca de 57% de votos favoráveis, enquanto, antes dele, Santana Lopes tinha conseguido, em 2007, 70% dos votos da bancada.
Já Marques Guedes, quando foi eleito em 2005, recolheu 81,6% dos votos favoráveis, enquanto Guilherme Silva – que fez dois mandatos - tinha tido 85% em 2004 e 91,3% em 2002.
Negrão apresentou na terça-feira uma lista à direção com sete vice-presidentes, cinco dos quais apoiaram Rui Rio, cortando quase para metade o número de ‘vices’, que eram 12.
Da anterior direção de bancada transitam Adão Silva, que será o primeiro vice-presidente, António Leitão Amaro - ambos apoiantes de Rio nas diretas - e Margarida Mano, que não tomou posição na campanha interna.
Negrão escolheu ainda como novos ‘vices’ os deputados Emídio Guerreiro (eleito por Braga), Carlos Peixoto (Guarda) e Rubina Berardo (Madeira), que estiveram ao lado de Rio contra Santana Lopes, e António Costa Silva (Évora), que não tomou posição na campanha interna.
O novo líder parlamentar é, assim, o único elemento da direção da bancada que apoiou Pedro Santana Lopes na campanha interna.
Como secretários da direção, Negrão terá a deputada Clara Marques Mendes, que já ocupava este cargo, bem como os deputados Bruno Coimbra e Manuela Tender.
Negrão propôs ainda uma lista de 12 coordenadores e 14 vice-coordenadores de comissões que, ao contrário do previsto inicialmente, acabou por não ser votada ao mesmo tempo que a da direção.
Juiz de carreira e oficial da Força Aérea Portuguesa, Fernando Negrão foi ministro da Segurança Social, da Família e da Criança em 2004, no Governo de Pedro Santana Lopes, tendo antes presidido ao Instituto Português da Droga e da Toxicodependência (IPDT).
No curto segundo Governo de Passos Coelho, em 2015, exerceu por menos de um mês as funções de ministro da Justiça.
O social-democrata foi também diretor-geral da Polícia Judiciária (PJ) entre novembro de 1995 e março de 1999, cargo do qual se demitiu na sequência de suspeitas de violação do segredo de justiça no caso Moderna. O processo viria depois a ser arquivado pelo Tribunal da Relação.
Foi também vogal do Conselho Superior da Magistratura e pertenceu à Associação Sindical dos Juízes Portugueses.
Fernando Negrão foi eleito deputado pela primeira vez nas listas do PSD em 2002, pelo círculo eleitoral de Faro, em 2005 e 2009 por Setúbal e em 2011 e 2015 por Braga, tendo chegado a ocupar uma das vice-presidências da bancada parlamentar ‘laranja’.
No plano autárquico, Negrão foi candidato pelo PSD à Câmara Municipal de Setúbal nas eleições de 2005 e, nas intercalares de 2007, à Câmara Municipal de Lisboa.
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