Espaços comerciais e unidades de alojamento – alguns dos quais surgem agora renovados - ultimam limpezas e outros trabalhos, ao mesmo tempo que se abastecem para a grande afluência de pessoas prevista na peregrinação, que vai ter fortes restrições na circulação automóvel.
Diversos estabelecimentos associaram-se à visita papal, ao Centenário das Aparições e à canonização de dois filhos da terra, os beatos Francisco e Jacinta Marto, pintando nas fachadas e no interior os futuros santos ou mensagens alusivas ao acontecimento.
Pelas ruas, multiplicam-se viaturas e trabalhadores de empresas ou entidades que prestam serviço público, para assegurar que nas mais diversas áreas não haja qualquer contratempo.
A Be Water, concessionária do abastecimento de água ao concelho de Ourém, tem em curso a instalação de um total de 18 bebedouros para fornecer água potável e gratuita aos peregrinos, e elaborou um plano de contingência “para atender e responder a um qualquer evento que possa ocorrer fora dos padrões normais do serviço diário”.
Já a empresa SUMA, responsável pela recolha de resíduos indiferenciados e limpeza urbana, tem previsto para a peregrinação o “reforço de meios mecânicos e meios humanos na cidade de Fátima”, estimando-se 30 a 40 trabalhadores a laborar nos vários turnos, e os CTT informaram que a loja de Fátima vai estar aberta entre as 09:30 e as 12:00 e as 13:00 e as 18:00 no dia 13, com exceção do banco.
À agência Lusa, José Pereira dos Santos, proprietário de um restaurante, explicou que “o abastecimento é como nos anos anteriores”, notando que “noutras peregrinações já tem pessoas a almoçar às 10:00”.
O empresário lamentou as dificuldades em encontrar pessoal para trabalhar, assim como “o problema da deslocação" para poder dormir e descansar.
Delfino Silva, responsável por um café, manifestou-se igualmente preocupado com as restrições à circulação rodoviária.
“Nas outras visitas papais não houve nada de anormal em termos de circulação. Como vamos fazer se precisarmos de alguma coisa urgente?”, questionou o proprietário do estabelecimento.
O vice-presidente da Associação Empresarial Ourém/Fátima Alexandre Marto afirmou que “embora não tendo havido uma explosão da oferta hoteleira, houve uma explosão da requalificação”, salientando a importância destes investimentos “para a imagem da cidade, do turismo e de Portugal”.
Para Alexandre Marto, houve “uma ação de reação às exigências dos turistas que visitam Fátima”.
“Vamos terminar o ano com nove hotéis de quatro estrelas e há 15 anos tínhamos um”, exemplificou o dirigente, assinalando “existir uma nova geração a fazer a gestão dos negócios de Fátima, com mais formação e noção de que um mercado mais exigente deve ter uma resposta mais consentânea”.
Em contrapartida, o “investimento no espaço público foi muito curto”, opinou o responsável referindo que a Câmara de Ourém “justificou com limitações por incapacidade financeira”.
O presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva, admitiu que “para a visita do papa poder-se-ia ter feito muito mais coisas atempadamente”, lamentando que se tenha optado “por remendos” em algumas vias.
“As pessoas queixam-se à junta do estado da avenida D. José Alves Correia da Silva, onde andam a pôr flores e não arranjam os passeios e as passadeiras”, exemplificou Humberto Silva.
O autarca adiantou que a junta tem realizado limpeza de bermas e valetas nos caminhos de acesso a Fátima, está a colocar placas toponímicas novas em diversas ruas da cidade-santuário e no sábado vai instalar 50 estandartes nas estradas para a Fátima a dar as boas-vindas e a agradecer aos peregrinos.
À Lusa, o presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca, explicou que ainda decorrem obras na cidade de Fátima a uma semana da visita do papa porque “a peregrinação de maio não é um fim”.
“Estará completamente errado quem pensar dessa forma. O centenário das aparições é um marco relevante, com a devida solenidade, mas é fundamentalmente o início do segundo centenário”, declarou, sustentando que cada cêntimo que se investe no concelho “serve o tempo do centenário”, mas “também todos os dias seguintes em prol da população e dos visitantes”.
Para Paulo Fonseca, “seria completamente irresponsável fazer uma despesa de grande dimensão só por causa de um dia”, notando que “é necessário festejar o centenário mas é ainda mais importante melhorar o futuro utilizando esta janela de oportunidade”.
“Daí que as obras continuarão sempre, até em maior ritmo no futuro para que Fátima seja uma cidade com qualidade de vida, acolhedora, moderna e admirada”, garantiu.
Comentários