A denúncia também é dirigida contra o ministro do Interior, Juan Zapata, e o comandante-geral da Polícia, Fausto Salinas, entre outros, alegando que não foram cumpridos os protocolos de segurança nem a proteção completa que devia ter Villavicencio, que tinha um grau de risco de 97%, determinado pela própria polícia.
O advogado da família do candidato presidencial, Marco Yaulema, recordou que Villavicencio levou a cabo investigações a partir de 2007, algumas das quais relacionadas com atos de corrupção nas instituições públicas do Estado.
Realizou “cerca de 200 investigações e denúncias de corrupção” e escreveu 11 livros sobre os mesmos temas, referiu o advogado, acrescentando que Fernando Villavicencio “suportou uma das maiores perseguições tanto no âmbito político como no âmbito judicial”.
Uma semana antes do seu assassínio, ocorrido à saída de uma ação de campanha em Quito, Villavicencio tinha denunciado ameaças à sua vida e asseverado que existiam na instituição policial elementos associados à máfia.
Yaulema questionou os protocolos de segurança aplicados a 9 de agosto, quando Villavicencio foi assassinado ao entrar para uma carrinha de cabina dupla que estava na rua, não era blindada, nem tinha motorista, enquanto o veículo que era blindado se encontrava a dois minutos de distância.
“Oh, surpresa, não esperaram esses dois minutos, levaram Fernando Villavicencio segurando-lhe os braços, com uma garrafa na mão esquerda, não sei de que substância, agarrado por elementos da polícia pelos braços, para impedir que se movesse”, declarou.
Acrescentou que não existia o número adequado de guardas, embora a polícia diga que Villavicencio tinha três níveis de segurança.
“Quando já estava no assento da frente, levou dois tiros na cara e um no cérebro”, precisou o advogado, sublinhando que “houve uma omissão dolosa: o Estado equatoriano não cumpriu o seu papel de garante”, pelo que apresentaram a denúncia pelo crime de homicídio por omissão dolosa, com uma moldura penal de até 26 anos de prisão.
Indicou ainda que recorrerão a organismos internacionais, se for necessário, uma vez que não confiam na justiça do país.
Numa conferência de imprensa, na qual estiveram presentes a filha mais velha, dois irmãos e o tio de Fernando Villavicencio e Patricia Barragán, que foi baleada no atentado, Yaulema questionou também o facto de o suspeito dos disparos não ter sido transportado imediatamente para um estabelecimento de saúde sob custódia, mas levado para as instalações do ministério público, onde acabaria por morrer.
O advogado sustentou que o núcleo familiar e o círculo próximo de Villavicencio precisam de proteção urgente e avisou que, se lhes acontecer alguma coisa, “o Estado será o responsável” por omissão.
Ao tomar conhecimento do assassínio, o presidente Guillermo Lasso expressou condolências e disse que o crime não ficaria impune.
“Se ele (Lasso) quisesse realmente proteger Fernando Villavicencio, tinha que ter adotado políticas adequadas, o que não fez”, comentou o jurista.
No próximo domingo, os equatorianos vão às urnas para eleger o novo Presidente da República até 2025.
Sete candidatos querem suceder a Guillermo Lasso, e o Conselho Eleitoral validou a candidatura do jornalista Christian Zurita em substituição de Villavicencio, mas esta ainda está dependente de registo.
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