A desinformação “implica quebra de confiança nas instituições, as pessoas já não sabem o que pensar, e podem pensar em tudo... Porque é muito fácil ficar absorvido por essa espécie de ‘filtros’, pode ser muito perigoso. Vimos os efeitos em eleições em todo o mundo e não queremos que aconteça na Europa”, disse Tina Zournatzi, que no seu cargo supervisiona campanhas de comunicação corporativas ao nível pan-europeu.
“Por isso, concentramos todos os nossos esforços conjuntos neste combate, para garantirmos que as pessoas podem verificar de forma crítica a informação e tomar as decisões acertadas”, afirmou, numa referência à forma como a desinformação por lesar as democracias institucionalizadas.
“Gostamos de chamar desinformação às ‘fake news’, primeiro porque é um termo que explica tratar-se de fontes falsas e não verificadas, que são construídas, criadas e depois disseminadas com dois objetivos: obter vantagens económicas e, segundo, tornar o diálogo público muito mais manipulado e com consequências nefastas no debate público”, esclareceu.
Esta responsável europeia participa hoje em Lisboa numa conferência organizada pela Lusa, em parceria com a congénere espanhola Efe, sobre "O Combate às Fake News - Uma questão democrática", no painel “O Combate às Fake News – Prevenção e Reação”.
A relevância do compromisso da instituição com quatro grandes plataformas ‘online’ e agências de publicidade no âmbito com “combate à “desinformação” foi outro aspeto que salientou, numa referência a uma recente iniciativa do Executivo da União Europeia (EU).
No início de dezembro, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação para combater a desinformação na UE, no quadro das próximas eleições europeias, que inclui um sistema de alerta rápido para sinalizar 'fake news' em tempo real.
“Trabalhámos com o conjunto das restantes instituições e governos para criar um plano de ação contra a desinformação. Este plano tem quatro pilares fundamentais”, prosseguiu a responsável da Comissão Europeia, nascida na Grécia, mestre em Relações Internacionais pela Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade John Hopkins e licenciada em Ciências pela Universidade de Georgetown.
“O terceiro, e uma parte muito importante, consiste no trabalho que fazemos com as plataformas ‘online’. Quatro grandes plataformas, e ainda agências de publicidade, assinaram um código de conduta voluntário para escrutinar a publicidade dirigida ao público e efetuar a distinção do que consideram ser falso”, assinalou.
Tina Zournatzi indicou que o primeiro pilar “consiste em ajudar a detetar a desinformação e fornecer as ferramentas aos jornalistas, sociedade civil, académicos, a quem o pretender, para destrinçar o que é falso e o que é correto”, e o segundo em “ajudar os governos a cooperarem no combate à desinformação, através de um sistema de alerta rápido que será instalado e sobretudo ajudá-los a prepararem-se contra as ‘fake news’ em períodos eleitorais”.
Nesta perspetiva, e ao concluir, especificou o quatro pilar do plano de ação, que “consiste em contribuir para a literacia mediática na sociedade, pesquisa de dados (fact-checkers) e outras formas que podemos detetar para que as pessoas fiquem mais imunes à desinformação”.
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