“As sociedades evoluíram em relação a esta matéria” e “no sentido de prolongar a vida, nunca para aproximar mais a morte”, disse o líder do PCP, que discursava em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora.
E “é por isso que nós consideramos esta visão profundamente humanista que acompanha essa evolução das sociedades ao longo da história, de procurar que a vida seja prolongada em condições de dignidade e não decidirmos nós da morte”, acrescentou.
Segundo Jerónimo de Sousa, “numa matéria tão complexa” como a eutanásia, “onde não deve haver dramatização”, o PCP pensa que a sua posição corresponde “ao sentimento maioritário na sociedade portuguesa”.
PCP e CDS-PP foram os dois únicos partidos a anunciar o voto contra aos projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal, que vão ser debatidos e votados, na generalidade, na terça-feira, na Assembleia da República.
Na sua intervenção no encerramento da Direção Regional do Alentejo do PCP, o secretário-geral do partido disse que “há quem não desperdice a oportunidade, seja a que pretexto for, para tentar isolar” os comunistas, mesmo em relação a “problemas de maior complexidade”.
“Mas quem nos conhece sabe que nunca deixámos de manifestar a nossa opinião, guiados por critérios próprios de avaliação sobre seja que problema for e o que quer que seja que diga respeito à nossa vida coletiva, como é o caso da eutanásia”, frisou.
Este tema, que é “matéria muito sensível e complexa”, insistiu, “não corresponde à discussão sobre hipotéticas opções ou considerações individuais de cada um que, em si, merecem respeito perante as circunstâncias da sua própria morte”.
“É, sim, uma discussão de opções políticas com profundas implicações sociais, comportamentais e éticas”.
“A oposição do PCP à eutanásia tem o seu alicerce na preservação da vida, na convocação de avanços científicos, designadamente da medicina, para assegurar o aumento da esperança de vida e não para a encurtar”, sublinhou.
Segundo os comunistas, trata-se de “não encarar a vida humana em função da sua utilidade, de interesses económicos ou de discutíveis padrões de dignidade social”.
O PCP, realçou Jerónimo de Sousa, vai “continuar a lutar” em prol de medidas que “respondam às necessidades plenas dos utentes do Serviço Nacional de Saúde e das suas famílias”, nomeadamente o “reforço do investimento sério nos cuidados paliativos, incluindo domiciliários”.
O partido, continuou, vai ainda bater-se pelo “direito a cada um à recusa de se submeter a determinados tratamentos, pela “garantia de a prática médica não prolongar artificialmente a vida” e pelo “direito de acesso a todos à utilização dos recursos que a ciência pode disponibilizar, de forma a garantir em vida a dignidade a cada ser humano”.
“É esta a conceção de vida profundamente humanista que o PCP defende e o seu projeto político de progresso social corporiza”, frisou.
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