“Temos de combater a ideia de que os parlamentares europeus só existem no momento das campanhas eleitorais e que os parlamentares europeus existem na medida em que produzem 'soundbites' e não na medida em que produzem resultados efetivos”, afirmou António Costa no encerramento da conferência “A Europa e o Presente”, organizada pelo jornal Público, no Porto.
Sem mencionar os partidos políticos a que se estava a referir, o primeiro-ministro salientou que numa das listas candidatas um dos deputados que mais trabalho há mais anos faz no Parlamento Europeu aparece na sétima posição, um lugar potencialmente não elegível.
“Enquanto outros com um trabalho seguramente com melhores 'soundbites', mas muito menos trabalho efetivamente produzido estão em lugares mais bem colocados”, sublinhou.
António Costa salientou ainda que o trabalho que é mais invisível é o mais relevante e importante.
“Ouvi nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, num partido que elegia dois deputados e nas últimas só elegeu um, ver preterido aquele que maior trabalho realizou em detrimento daquele que mais 'soundbites' produziu", acrescentou.
Na sua opinião, esta “perversão” empobrece a democracia e tende a confundir naquele acrónimo de KISS (Keep it simple, stupid) a ideia de simplificação com estupidificação.
“E essa diferença é essencial para perceber a mensagem. O estúpido é quem não simplifica, mas a simplificação não significa tratar os outros como estúpidos”, frisou.
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