No frente a frente entre João Ferreira (CDU, coligação que junta PCP e PEV) e Pedro Marques (PS), transmitido na segunda-feira à noite na RTP3, o comunista defendeu que a União Europeia tem afrontado um “património de conquistas civilizacionais”.
“Este acervo foi fruto da luta de muitos anos dos povos e dos trabalhadores do continente europeu, de vários países, tem vindo a ser paulatinamente posto em causa pelas políticas da União Europeia”, alegou o cabeça de lista da CDU, dizendo que isto resulta em cortes na saúde, aumento da idade da reforma, ou precarização de trabalhadores.
Apesar de rejeitar ser “antieuropeísta”, o primeiro candidato salientou que é preciso, “combatendo a União Europeia, lutar por um outro projeto, um outro processo de cooperação solidária entre estados na Europa”.
“Nós não contrapomos à União Europeia o isolacionismo, o cada um por si, nós contrapomos à União Europeia um projeto solidário, de cooperação e integração entre estados na Europa”, o que, na opinião do comunista, “está nos antípodas do que é a União Europeia”.
Em resposta, Pedro Marques apontou que este é um assunto que afasta os dois partidos.
Para o cabeça de lista do PS, nesta pré-campanha eleitoral João Ferreira tem deixado também “clara a defesa da saída do euro” por parte do PCP.
“Esta ideia da saída do euro é perigosa, é muito perigosa para Portugal e para a Europa”, salientou o antigo ministro, advogando que “daria cabo da país” e que o mundo está “a ver, aliás, com o ‘Brexit’ as consequências”.
Pedro Marques defendeu, pelo contrário, que “o projeto europeu tem de regressar à sua matriz fundacional desse contrato entre as instituições europeias e as pessoas, para melhorar a sua vida”, aumento os direitos sociais.
Mais à frente no debate, o candidato da CDU insistiu que, depois de duas décadas com a moeda única europeia, há duas opções para o país, ou se insiste “no mesmo caminho” ou há outra solução, que passa por “olhar para este constrangimento e perceber” que é preciso removê-lo para Portugal se poder desenvolver.
“Não há debate sério sofre o futuro do país que possa ignorar este obstáculo”, considerou o atual eurodeputado, reconhecendo que a saída não poder acontecer “de qualquer maneira”, mas sim “com condições”, entre as quais “ser um processo cuidadosamente preparado, ter a adesão da maioria da população” ou “defender, no processo, os direitos, os rendimentos, as poupanças” dos cidadãos.
Por seu turno, o cabeça de lista do Partido Socialista recusou que a defesa de rendimentos seja possível neste cenário.
“Se nós tentássemos sair do euro, um país do nosso tamanho […] teria uma desvalorização maciça dos salários, das poupanças, fuga de depósitos, perderíamos provavelmente os bancos, ou tínhamos que os nacionalizar e teríamos a fuga de milhares de empresas do país, como está, aliás, a acontecer no Reino Unido”.
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