Em causa, a 08 de novembro, estará o controlo da Câmara dos Representantes, que tem 435 assentos a votos, e o domínio do Senado, onde haverá 34 lugares em disputa.
Atualmente, os democratas dispõem de uma maioria de apenas 9 lugares na Câmara dos Representantes e o Senado está dividido 50-50, sendo que a vice-presidente Kamala Harris serve como desempate em favor do seu partido.
O consenso entre os analistas é que será difícil para os democratas manterem a maioria na Câmara dos Representantes e no Senado, embora haja maior imprevisibilidade na câmara alta.
Há vários fatores que contribuem para uma análise favorável às hipóteses que os republicanos têm de voltar a controlar uma – ou mesmo as duas – câmaras do Congresso.
Um deles é a impopularidade de Joe Biden, que em média tem 42,4% de aprovação e 52,2% de desaprovação, segundo as contas da plataforma agregadora FiveThirtyEight. Algumas sondagens são ainda mais negativas, como a mais recente da Quinnipiac University, que dá ao presidente uma aprovação de apenas 33%. Só Donald Trump era ainda mais impopular ao final do seu primeiro ano de mandato (média de 39%).
Já em novembro de 2021, os democratas foram surpreendidos por derrotas em eleições locais e estaduais, com destaque para o desaire na corrida ao governo da Virginia. Os analistas políticos atribuíram o fraco desempenho, em parte, à fadiga com as restrições ligadas à covid-19 e à inflação galopante.
Todavia, uma análise FiveThirtyEight mostra que, em 2021, as eleições especiais para a Câmara dos Representantes – que acontecem sempre que há uma vaga inesperada – não indicaram mudanças que façam antecipar uma grande 'onda vermelha' (republicana) em novembro.
No Senado, a CNN projeta que pelo menos oito estados tenham eleições competitivas, com margens apertadas e possibilidade de vitória para ambos os lados.
A vantagem dos republicanos é que não precisam de conquistar muitos lugares para virarem o controlo das duas câmaras. Além disso, o redesenho dos distritos beneficia o partido conservador, o que significa que não será necessária uma grande onda para que voltem a controlar o Congresso.
Se tal acontecer, os republicanos poderão colocar um travão imediato nas prioridades e na agenda legislativa de Joe Biden, assumindo também o controlo dos comités e podendo suspender de imediato as investigações em curso, tal como a que investiga o assalto ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021, se esta ainda estiver a decorrer nessa altura.
Aliada ao facto de o partido no poder tradicionalmente perder as eleições intercalares, mesmo que o presidente seja mais popular do que Biden é neste momento, a baixa taxa de aprovação indicia um mau resultado para os democratas.
Isso ainda não é possível ver de forma clara nas sondagens, uma vez que os dados que têm sido publicados são genéricos e oscilam entre os dois partidos. Por exemplo, a sondagem da Quinnipiac dá 44% aos republicanos e 43% aos democratas, mas a da Morning Consult atribui 44% das intenções de voto aos democratas e 41% aos republicanos.
Ainda assim, os republicanos têm uma vantagem média de 0,6 pontos percentuais, com 42,4% dos eleitores a dizerem que pretendem votar em candidatos republicanos nas intercalares contra 41,8% de intenções de voto nos democratas.
Muitas vezes estas eleições são vistas como um referendo ao presidente, algo que os democratas não querem que aconteça, dada a baixa popularidade de Joe Biden.
As sondagens não se referem a candidatos específicos, mas o histórico indica que as intenções de voto no partido do presidente tendem a deteriorar-se à medida que as intercalares se aproximam.
* Por Ana Rita Guerra, agência Lusa
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