“Não houve compromisso de desescalada, nem uma declaração de que o fariam”, declarou Sherman em conferência de imprensa após a reunião do Conselho NATO-Rússia, que decorreu na sede da Aliança em Bruxelas.
Em paralelo, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo Alexandre Grushko, que também participou no encontro, reconheceu “enormes divergências entre as duas partes sobre questões fundamentais” e assegurou que as tentativas da Aliança de construir a segurança na Europa “contra e sem a Rússia” estão condenadas ao fracasso.
“Partimos do princípio de que a segurança indivisível deve ter em consideração os interesses de todos e que as tentativas de construir a segurança contra e sem a Rússia são contraproducentes e estão condenadas a fracassar”, disse.
O principal fórum de diálogo entre a Rússia e a NATO registou hoje o seu primeiro encontro em mais de dois anos, numa semana em que se sucederam reuniões para reduzir a tensão entre Moscovo e o ocidente, na sequência do envio de um importante contingente militar russo para as proximidades da fronteira com a Ucrânia.
Após indicar que a reunião se prolongou por quatro horas, Sherman revelou que voltou a ser sublinhado que uma nova invasão da Ucrânia pela Rússia “terá custos e consequências significativas” para Moscovo, “muito para além das que enfrentou em 2014”, após a anexação da península da Crimeia.
A responsável norte-americana sustentou que os aliados confiam na possibilidade de uma nova reunião do Conselho NATO-Rússia para breve, a fim de prosseguir as discussões, e acrescentou que caso Moscovo “se retire” da mesa negocial, “ficará muito claro que nunca levaram a sério a via diplomática”.
Assinalou ainda que, no encontro de hoje, Washington e os restantes países da NATO “estiveram unidos” na sua resposta à delegação russa, em particular face às propostas para a segurança europeia que Moscovo apresentou nas últimas semanas.
Nesse sentido, assegurou que algumas das iniciativas “centrais” de Moscovo são “simplesmente impossíveis”, e frisou que a NATO e Washington não vão renunciar à política de alargamento, com a adesão à Aliança de novos países num futuro ainda com data indefinida.
Neste sentido, considerou que a solicitação de um Estado em aderir à NATO constitui uma “decisão soberana”.
Nas áreas onde as duas partes admitiam colaborar, Sherman indicou “as ações recíprocas sobre a redução de riscos e a transparência, melhor comunicação e controlo do armamento”.
A vice-secretária de Estado norte-americana também ressalvou que os Estados Unidos “não tomarão decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, sobre a Europa sem a Europa, sobre a NATO sem a NATO e sobre a OSCE sem a OSCE”, numa referência à reunião de quinta-feira da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, onde a crise ucraniana estará no topo da agenda.
Sherman também revelou que nos seus encontros de terça-feira com representantes da União Europeia debateu o trabalho conjunto e com o G7 (os sete países mais industrializados do mundo) “para preparar medidas económicas coordenadas” caso Moscovo invada a Ucrânia, uma alegação que o Kremlin continua a desmentir.
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