Como escreve a emissora britânica, os investigadores recuperaram as caixas-negras que incluem os registos de voz do cockpit e o registo digital de voo.

The devices recovered from the crash site are the cockpit voice recorder and the digital flight data recorder.

O desastre levou a que se esteja a viver um dia de luto nacional na Etiópia, mas o Quénia, local de destino do voo, também vive uma tragédia: 32 cidadãos quenianos estavam a bordo, o que faz do país o mais afetado pelo acidente. Para além disso, Nairóbi, a capital da nação, é a sede regional da ONU, organização que perdeu vários funcionários na catástrofe.

O Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE), que tem sede na capital queniana, inaugura nesta segunda-feira a sua conferência anual, que reúne centenas de delegados de todo o mundo.

O diretor geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, informou que 19 funcionários da ONU morreram no acidente, incluindo pelo menos um membro do PNUE, outro do Programa Mundial de Alimentos (PAM) e vários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Os investigadores da Agência Etíope de Aviação Civil trabalham desde domingo no local da tragédia para recuperar o máximo de escombros e provas, ao mesmo tempo que procuram as caixas-negras da aeronave.

O CEO da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, confirmou que a investigação acontecerá de forma conjunta entre funcionários etíopes e americanos. A agência responsável pela segurança nos transportes nos Estados Unidos, a NTSB, anunciou o envio de uma equipa.

A companhia aérea também anunciou que interrompeu o uso de todos os seus aviões modelo Boeing 737-8 MAX até nova ordem.

O governo da China pediu às companhias aéreas do país que suspendam os voos com o Boeing 737-8 MAX, que poderão ser retomados quando as autoridades americanas e a Boeing confirmarem "as medidas adotadas para garantir efetivamente a segurança dos voos", anunciou a Administração de Aviação Civil do país.

Em 29 de outubro de 2018, um Boeing 737-800 MAX da companhia indonésia Lion Air, caiu no mar de Java, o que provocou 189 mortes. Uma das caixas-negras revelou problemas no indicador de velocidade do avião, uma versão modernizada do 737.

"Avião em chamas"

O voo ET 302 descolou no domingo às 08:38 locais (05:38 em Lisboa) em Adis Abeba e desapareceu dos radares seis minutos depois.

O avião, um Boeing 737-800 MAX que a companha havia recebido em 2018, era pilotado por Yared Getachew, profissional que já contava com experiência de 8000 horas de voo. A aeronave passou pela manutenção a 4 de fevereiro.

Na queda, o avião provocou uma grande cratera. O Boeing desintegrou-se com o impacto e não foi possível distinguir a forma da aeronave, apenas pedaços espalhados. Tegegn Dechasa, testemunha do acidente, disse à AFP que "o avião estava em chamas quando caiu".

"O avião parecia estar a tentar aterrar num campo aberto próximo, mas caiu antes de chegar ao local", afirmou outra testemunha, Sisay Gemechu.

35 nacionalidades

As vítimas do acidente eram de 35 nacionalidades, de acordo com dados provisórios da companhia: 32 quenianos, 18 canadianos, nove etíopes, oito italianos, oito chineses, oito americanos, sete franceses, sete britânicos, seis egípcios, cinco alemães e quatro indianos. Um passageiro viajava com passaporte da ONU e dois espanhóis também estavam a bordo.

Também começaram a ser divulgadas as identidades de alguns passageiros: um deputado eslovaco, Anton Hrnko, perdeu a esposa e dois filhos; entre os chineses estavam turistas, funcionários de empresas e um membro do PNUE.

A companhia Ethiopian Airlines, que pertence ao Estado etíope, registou uma grande expansão nos últimos anos. A sua frota tem mais de 100 aviões, o que faz da empresa a maior do setor em África.

Ethiopian Airlines é conhecida por ter uma boa reputação no que toca às questões de segurança, lembra a BBC. O último acidente grave da companhia aconteceu em 2010 quando um avião caiu no Mar Mediterrâneo após partir de Beirute, no Líbano, vitimando 90 pessoas.

As mensagens de condolências chegaram durante todo o domingo, do primeiro-ministro etíope ao presidente queniano, passando pela União Africana e António Guterres, secretário-geral da ONU.

Marcelo Rebelo de Sousa também já apresentou condolências à sua homóloga da Etiópia. “Ao tomar conhecimento do trágico acidente de aviação, que esta manhã tirou a vida a 157 pessoas, o Presidente da República apresentou as suas sentidas condolências e solidariedade à Presidente da Etiópia Sahle-Work Zewde, expressando o seu pesar às famílias das vítimas”, refere uma nota colocada na página da Presidência da República na Internet.

O Governo português também manifestou ontem “profunda consternação” pelas 157 vítimas mortais. “Foi com profunda consternação que o Governo português tomou hoje conhecimento da queda de uma aeronave na Etiópia, que partiu de AdisAbeba com destino a Nairobi”, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Expressa também a sua solidariedade para com os governos da Etiópia e do Quénia, “nesta hora de luto”.

[Notícia atualizada às 11:12]