Numa edição especial da revista Nature sobre a Antártida explica-se que a monitorização da região através de satélite mostra a contínua perda de gelo para os oceanos, de acordo com registos feitos durante décadas por cientistas das Universidades de Leeds (Reino Unido), da Califórnia (em San Diego, Estados Unidos) e de Maryland (Estados Unidos).
O estudo indica que desde a era dos satélites não se tem aparentemente notado mudanças gerais muito significativas, mas que há “sinais de um declínio de longo prazo”. Segundo os cientistas as plataformas de gelo dos mares de Amundsen (que já teve três quilómetros de espessura) e de Bellingshausen estão 18% mais finas do que no início dos anos 90. E o aumento acentuado das temperaturas do ar fez colapsar plataformas de gelo na península antártica.
Mais de 150 estudos tentam determinar quanto gelo o continente está a perder.
Um deles, também publicado na edição especial da Nature, envolveu 84 cientistas e 44 organizações, que combinaram 24 pesquisas por satélite. E com essas pesquisas concluíram que entre 2012 e 2017 a Antártida perdeu 219 mil milhões de toneladas de gelo por ano, três vezes mais do que antes de 2012.
Concluíram estes cientistas que as perdas de gelo da Antártida aumentaram os níveis do mar em 7,6 milímetros desde 1992, dois quintos desse aumento (três milímetros) nos últimos cinco anos.
Os especialistas dizem que a Antártida armazena água congelada suficiente para elevar o nível global dos mares em 58 metros, pelo que, justificam, estes estudos são importantes para perceber os impactos atuais e futuros das alterações climáticas.
Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds, frisou que as perdas de gelo na Antártida aumentaram na última década, o que faz com que o nível da água do mar suba mais rapidamente do que em qualquer outro período nos últimos 25 anos, o que tem de ser uma preocupação dos governos.
Erik Ivins, da NASA, avisou que o estudo pode ser considerado o mais fiável sobre a massa de gelo do continente, tendo em conta o período de observação, o número de participantes e as técnicas utilizadas.
Em resumo, segundo os cientistas, a Antártida Ocidental e a Península Antártica perderam gelo e o crescimento da camada de gelo na Antártida Oriental também foi reduzido.
A Antártida Ocidental perdeu 53 mil milhões de toneladas de gelo por ano na década de 1990, passando para 159 mil milhões a partir de 2012. Desde o início do século o extremo norte do continente também está a perder anualmente 25 mil milhões de toneladas de gelo. A única zona de equilíbrio, a leste, ganhou apenas cinco milhões de toneladas de gelo por ano, nos últimos 25 anos.
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