O enviado americano para o Irão, Brian Hook, assegurou, em conferência de imprensa no Kuwait, que os Estados Unidos “não têm nenhum interesse num confronto militar com o Irão”.
O mesmo responsável adiantou que Washington “reforçou” o seu dispositivo na região “por razões puramente defensivas”.
Em finais de maio, a Administração do Presidente Donald Trump anunciou o destacamento de 1.500 soldados para o Golfo Pérsico, depois de enviar um navio de guerra e uma bateria de mísseis Patriot.
“O regime iraniano é uma ameaça à liberdade de navegação” na região, observou Brian Hook.
“Neste momento, não há um canal de comunicação indireto com Teerão”, informou o enviado, após reunir-se com o chefe da diplomacia do Kuwait.
“Desejamos que o Irão se comporte mais como um país normal e menos como uma causa revolucionária”, comentou, frisando que “um Irão pacífico” é condição para “um Médio Oriente pacífico”.
A tensão entre Estados Unidos e Irão está a escalar, com registo de vários incidentes aéreos e marítimos nos últimos tempos.
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Muhammad Javad Zarif, fez referência a outro drone “espião” americano, abatido em finais de maio, portanto antes do incidente de quinta-feira, quando Teerão derrubou um aparelho não tripulado que alegadamente violou o espaço aéreo nacional.
Washington contraria esta indicação, garantindo que o drone estava em espaço aéreo internacional.
Posteriormente, em resposta, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou um ataque contra três locais no Irão, que abortou, à última hora, alegando querer evitar um elevado número de mortos.
“Não quero matar 150 iranianos. Não quero matar 150 pessoas de sítio nenhum, a não ser que seja absolutamente necessário”, disse aos jornalistas.
Poém, Trump clarificou que ainda pondera uma ação militar contra o Irão. “[O uso da força] está sempre em cima da mesa, até resolvermos isto”, avisou, citado pela agência americana AP.
Hoje, o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, acusou os Estados Unidos de estarem a alimentar as tensões na região, através de uma “jogada invasora”.
Citado pela agência oficial iraniana IRNA, Hassan Rouhani responsabilizou a “presença militar intervencionista” dos Estados Unidos pelos problemas do Médio Oriente.
“Esperamos que a comunidade internacional adote uma reação apropriada a esta jogada invasora”, frisou, durante um encontro com a presidente da União Interparlamentar, Gabriela Cuevas, em Teerão.
O clima de tensão entre o Irão e os Estados Unidos dura há bastante tempo, mas a crispação tem aumentado desde que Donald Trump retirou os Estados Unidos, há um ano, do acordo nuclear internacional assinado, em 2015, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China (mais a Alemanha) – e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.
Na sexta-feira, os Estados Unidos pediram a realização de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para falar sobre os últimos desenvolvimentos relacionados com o Irão, o que deverá acontecer na segunda-feira.
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