“É evidente que não chegamos a este estado da nação com a mesma ambição que tínhamos em fevereiro de 2020, quando aprovámos um Orçamento do Estado que tinha um excedente orçamental, que previa um reforço dos serviços públicos, que previa um reforço do investimento público”, defende, em declarações à agência Lusa, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, em antecipação do debate de sexta-feira.
Ainda assim, na perspetiva da deputada socialista, o país chega ao debate do estado da nação “mais preparado, mais mobilizado e mais determinado”, agora que “está mais atenuada a crise sanitária”, para conseguir “responder aos problemas que se colocaram e que se vão colocar por muito tempo”.
“Mas a verdade é que hoje chegamos a um estado da nação com uma crise sanitária, mas sobretudo com a certeza de que se estivéssemos em 2015 e com as respostas de 2015 estaríamos muito pior do que estamos hoje em 2020, apesar de sabermos os desafios, os problemas, os constrangimentos e o trabalho que temos pela frente para fazer”, considera.
Ana Catarina Mendes assinala que “entre março e junho” houve “uma união em torno dos interesses dos portugueses que permitiu que todos os partidos políticos, toda a sociedade civil, todos os empresários, todos os parceiros sociais se unissem no combate a esta pandemia e nas respostas que era preciso dar”, considerando que “em estado de emergência o parlamento não ignorou o seu papel”.
“Essa unidade nacional não retirou em nada a identidade de cada partido, mas tenho bem consciência de que a próxima sessão legislativa continuará a ser uma sessão legislativa muito exigente, e que o PS nunca escondeu e nunca esconderá, e volto a reafirmar como líder parlamentar do PS: o nosso empenho é que continuemos o caminho que iniciámos em 2015 com os parceiros à nossa esquerda”, reitera.
Como foi possível apresentar soluções para esta crise com uma resposta contra a austeridade, com um estado social mais forte, para a dirigente socialista esse é um caminho que se faz “à esquerda”.
“Mas também o meu desejo é que este parlamento, ao contrário de outros parlamentos na Europa, saiba estar à altura da sua responsabilidade e a responsabilidade é não olhar para os seus umbigos, a responsabilidade é olhar para o país, para os problemas do país e sobretudo sabermos que o que aí vem é difícil, exige nervos de aço, mas exige sobretudo uma determinação e uma ação em encontrar respostas sustentáveis”, sustenta.
Ana Catarina Mendes argumenta que “o estado da nação é conhecido por todos”, lembrando que, quando ninguém esperava, em março surgiu uma pandemia que gerou uma crise sanitária.
“Felizmente tínhamos um Serviço Nacional de Saúde preparado para responder a essa crise sanitária e felizmente, também, o Governo com a agenda que já tinha e com o trabalho que tinha feito ao longo dos últimos cinco anos foi capaz de dar as respostas necessárias àqueles que mais delas necessitavam”, aponta.
O debate do Estado da Nação, com que a Assembleia da República encerra o ano parlamentar desde 1993, estava marcado para quarta-feira, mas a pedido do primeiro-ministro, António Costa, devido ao Conselho Europeu, foi adiado dois dias, realizando-se na sexta-feira de manhã.
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